ARTE, CULTURA & LAZER DOS ARQUIVOS DE ASAS

O meu 11 de setembro

Os Mirage III passaram por melhorias que incluíram a adição dos canards

Em sua obra “O Dia do Chacal”, o grande autor inglês Frederick Forsyth inicia falando do dia em que JFK foi assassinado. No texto, ele comenta que todos que viveram aquele dia sabem dizer exatamente o que faziam quando receberam a notícia do que ocorrera em Dallas, naquele 22 de novembro de 1963. Creio nisso, sem dúvida. Pois os da minha geração tem uma outra data singular, trágica, também escrita com sangue na saga da Humanidade – 11 de setembro de 2001.

Onde você estava naquele dia? O que fazia?

Você que me lê, com certeza tem suas respostas.

Eu vou te contar as minhas.

Havia acabado de lançar a revista ASAS, cuja primeira edição chegou às bancas em junho de 2001.

No início de setembro, estava preparando a Edição 03, cuja capa seria o nosso mítico Mirage III da FAB, no qual voei (na versão biplace) em Anápolis, para tal reportagem (mas essa é outra história…). Bem, preparando a “03”, uma das pautas era voar com o belíssimo DC-3 mantido em condições de voo no Aeroclube do Rio Grande do Sul – ele ia voar para Torres, no litoral gaúcho, para uma temporada de voos turísticos/panorâmicos naquele balneário.

Claudio Lucchesi desembarca de um F-103 da FAB. Na época, o Mirage III era o principal vetor de defesa aérea do Brasil

Decolei de Congonhas logo pela manhã, num voo da TAM, e pousei no Salgado Filho sem alarde. Peguei um táxi e toquei para o ARGS, em Belém Novo, zona sul de Porto Alegre. Quando cheguei no Aeroclube, porém, descendo do táxi, me surpreendi ao não ver ninguém. Tudo parecia deserto. Até nos hangares…

Enfim encontrei um homem, que varria folhas secas no gramado, que me disse que estavam todos reunidos na “sala de estar”, no andar de cima de um dos prédios. “Parece que tem alguma coisa acontecendo na TV”, ele disse.

Entrei na sala e, de fato, todos estavam ali – alunos, instrutores, diretores. Todo mundo.

E todos com os olhos fixos na tela gigante de uma TV, noticiário da CNN, que tinha a imagem de uma das torres gêmeas do World Trade Center de New York, com uma coluna de fumo negro saindo de alguns andares, acima da metade da altura do prédio. Alguém me disse que um avião, um jato de passageiros, colidira com o edifício. Não se sabia (ainda) se intencionalmente, ou não.

Então o locutor da CNN disse que um caminhão-bomba (naquele momento, foi isso mesmo, não se citou outro avião) explodira contra o Pentágono, em Washington DC. O link de imagens mostrou uma coluna de fumo erguendo-se do emblemático prédio, coração do Departamento de Defesa dos EUA.

E aí a imagem voltou ao WTC.

Vimos então, ao vivo, um segundo jato de passageiros nos céus de New York.

Ele claramente fez uma curva, e diante de nossos olhos, chocou-se contra a segunda torre do WTC. Vimos o Boeing colidir com um lado, e um jorro de chamas sair do outro lado do prédio. O locutor estava tão incrédulo quanto nós.

Aquilo não podia estar acontecendo.

E eram ataques terroristas. Ficara então claro. Os Estados Unidos estavam sofrendo um reide de ataques terroristas com jatos comerciais. Nada similar jamais fora visto antes.

Veio então a informação de que um outro jato caíra na Pennsylvania. Não se sabia se fora abatido, pois os caças da USAF, F-15 e F-16, já estavam então no ar. O avião, parecia, estava em rumo para atacar Washington DC. Não se sabia se o alvo era o Congresso ou a Casa Branca.

E foi assim.

Este foi o meu 11 de setembro.

Ele mudou a minha vida, como mudou a sua e a de todo mundo neste planeta.

Ah, houve ainda o fato de que uma de minhas irmãs, Katia, engenheira mecânica e professora na Unicamp, estava em viagem nos EUA, para um congresso de engenharia. Onde? Na Pennsylvania! Graças a Deus, ainda naquela manhã, seu marido, Franco, conseguiu contato com ela – sã e salva, não envolvida em nenhum dos ataques daquele dia fatal.

Lembro tudo como se fosse hoje.

Lembro do estupor geral, naquela sala do ARGS, quando as torres (primeiro uma e, quase junto, a outra) não suportaram os danos e ruíram, numa nuvem de pó que parecia uma erupção vulcânica…

Façamos um minuto de silêncio.

Pelo 11 de setembro, pelas crianças na escola em Beslan, e por tantos inocentes, tantos (meu Deus!), vítimas do terrorismo. Não podemos deixar que sejam esquecidos. Nunca.

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Redação

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