AVIAÇÃO COMERCIAL & PRIVADA

Tragédia do 737 Max afeta mais um projeto da Boeing

O 737 Max 8 não sofreu apenas 2 acidentes: colocou a própria reputação da Boeing em xeque

Essa quarta-feira, dia 13, era para ser um dia de festa para a Boeing, com provável aumento do valor de mercado da companhia e grandes sonhos pela frente. Isso porque estava programado o lançamento do Boeing 777X, aeronave desenvolvida para substituir antigos 747, 767 e 777. Porém, com a crise de reputação enfrentada após dois acidentes com jatos 737 Max 8, a empresa preferiu adiar a apresentação oficial do novo produto.

Desenvolvido como uma resposta ao Airbus A350 XWB, o Boeing 777X promete ser capaz de levar até 425 passageiros e percorrer distâncias de 16.900 km consumindo 12% a menos de combustível que as versões anterior do 777. Com dois motores General Eletric GE9X e tecnologias do 787, o novo avião widebody deve ter um peso máximo de decolagem de 351 toneladas. Mesmo com um custo em torno dos 380 milhões de dólares por unidade, um total de 326 unidades do 777X já estava em negociação com empresas como Emirates e Lufthansa.

O lançamento desta quarta-feira deveria ter a presença de funcionários, empresários, imprensa e um seleto grupo de convidados. Conhecido como rollout, o evento consistiria em a nova aeronave sair de hangar. O primeiro voo deveria ocorrer ainda em 2019 para as primeiras entregas serem realizadas já no próximo ano. Em comunicado oficial, porém, a Boeing disse que irá se concentrar agora nas investigações dos acidentes com o 737 Max. Não foi informado se haverá algum atraso no desenvolvimento do 777X.

Vale lembrar que tanto os novos 737 quanto o novo 777 chamaram a atenção pelas novas tecnologias. Os primeiros contam com o Maneuvering Characteristics Augmentation System (MCAS), sistema desenvolvido para controlar parcialmente a aeronave em situações específicas de voo, e agora apontado por especialistas como o principal suspeito dos dois acidentes ocorridos.

777X em fase final de montagem. Notar a ponta da asa dobrável

Já o 777X adotou uma solução de engenharia vista em caças embarcados em porta-aviões: asas com as pontas dobráveis. A ideia surgiu porque da ponta de uma asa até a outra são 72 metros, a maior envergadura de uma aeronave já construída pela Boeing, superando inclusive o jumbo 747-8. Com as pontas dobráveis, o avião ocupa “apenas” 65 metros, o que tira a necessidade de adaptações nos aeroportos. A novidade já está sob a mira das entidades reguladoras da aviação, que temem eventuais riscos para a segurança.

A decisão de adiar o lançamento do 777X vem na esteira do que foi até hoje o pior dia da história da Boeing. Na segunda-feira, uma queda de 11% nas ações representou despencar 21 bilhões de dólares em valor de mercado. Apresentar inovações acabou ficando para outra hora.

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