AVIAÇÃO MILITAR & DEFESA

Áustria demonstra o problema de operar jatos caros

Foto: Bundesheer/Zinner

Em 2002, a Áustria decidiu que o Eurofighter Typhoon seria para o país uma opção melhor que o Lockheed Martin F-16 ou o Saab JAS-39C Gripen. Dezoito anos depois, os austríacos decidiram manter a frota de 15 aeronaves em serviço por um motivo nada agradável: eles são caros até para serem desativados.

As decepções começaram desde a assinatura do contrato, em 2003. Das 24 unidades anunciadas, firmou-se a compra de 18, por questões de cursos. Porém, em junho de 2007, um mês antes da chegada da primeira aeronave, o pacote já foi reduzido para quinze unidades.

Foto: Bundesheer/Zinner

O alto custo operacional cobrou seu preço. Em 2014, o orçamento de defesa do país ficou tão apertado que há informações de que haveriam apenas doze pilotos qualificados para as quinze aeronaves. Há fontes que apontam um custo operacional de 73 mil dólares por hora de voo, mas o consórcio Eurofighter sempre refutou esta informação.

Em 2017, em meio acusações de relações com lobistas, o governo decidiu que a venda dos caças com menos de dez anos de uso seria um bom negócio. Isso porque a operação de 18 caças mais baratos, como o Gripen ou o F-16, poderia significar uma economia de 2 bilhões de Euros ao longo de 30 anos de serviço.

Foto: Bundesheer/Zinner

As poucas horas de voo voadas pelos Eurofighter austríacos poderiam torná-los atrativos para outras forças aéreas interessadas no negócio. A última das quinze unidades recebidas entrou em serviço somente em 2009.

Porém, passados três anos o negócio continua parado. E a nova ministra da defesa, Klaudia Tanner, disse no dia 6 de julho que os quinze Eurofighter Typhoon continuarão em serviço enquanto durar o contrato de apoio vigente com a Airbus. O motivo é que romper o acordo teria um custo muito elevado. A ministra também não detalhou até quando vai a vigência do contrato.

Foto: Bundesheer/Zinner

Para adequar o orçamento de defesa, a solução será interromper a operação dos doze treinadores avançados Saab 105, utilizados para a formação dos futuros piloto de caça. A partir de 2021, o treinamento passará a ser contratado, enviando os aviadores para o exterior.

Vale lembrar que a Força Aérea da Áustria tem pouca tradição na operação de aeronaves de caça. Em 1985 o país comprou caças suecos Saab J-35 Draken usados, mas não podia operar com mísseis ar-ar porque essa era uma proibição do Tratado de 1955 que deu independência ao país. A proibição caiu somente em 1993. Os J-35 foram aposentados em 2005. Nos dois anos seguintes, caças F-5E, também usados, dessa vez pela Suíça, operaram como uma solução tampão até a chegada dos Eurofighter Typhoon, cuja compra foi a primeira de caças a jato novos pelo país e até hoje o maior investimento dos austríacos em suas forças armadas.

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