AVIAÇÃO MILITAR & DEFESA

Caça da Marinha tem trincas na asa 3 anos após modernização

Foto: Marinha do Brasil

A Marinha do Brasil divulgou que o Grupo Aeronaval de Manutenção identificou trincas na asa direita do AF-1C (A-4 Skyhawk) com matrícula N-1022. A aeronave passou pelo processo de modernização e foi recebida pela em 23 de abril de 2018, pouco mais de três anos atrás.

O lado positivo da notícia é que o próprio Grupo Aeronaval de Manutenção fez o reparo no avião. O trabalho foi de 15 de junho a 20 de agosto. Os militares brasileiros precisaram até moldar chapas e adaptá-las para alcançar o formato ideal, bem como desenvolver ferramentas. Foi a primeira vez que a própria Marinha do Brasil realizou um reparo deste tipo.

Foto: Marinha do Brasil

Recuperação de aeronave acidentada

O Grupo Aeronaval de Manutenção tem se destacado para garantir a disponibilidade da frota. O maior exemplo é o AF-1 com matrícula N-1001: a aeronave se envolveu em um uma colisão no ar em 26 de julho de 2016, que resultou na perda do N-1011. Porém, o pessoal “da graxa” não desistiu do N-1001: após 1.711 dias em solo, o caça Skyhawk voou no dia 1º de abril de 2021.

O trabalho contou com o apoio da Força Aérea Brasileira e da Embraer, que recebeu um contrato específico de reparo pós-acidente. Foram necessários serviços de análise de engenharia e estruturas, execução de SDLM (Standard Depot Level Maintenance), reparo do cone de cauda e reparo estrutural e dos sistemas modernizados. O AF-1 N-1001 precisou também passar por ensaios não destrutivos, inspeção de raio-X e tratamento de corrosão.

Outro AF-1 também foi recuperado pelo Grupo Aeronaval de Manutenção. Trata-se do AF-1 com matrícula N-1013, que se envolveu em um acidente durante a decolagem, em 21 de outubro de 2019.

Foto: Marinha do Brasil

Seis modernizados

O plano inicial de modernização de 12 aviões, sendo nove monoplaces e os três biplaces, foi reduzido para quatro monoplaces e dois biplaces. Com a perda do N-1011, houve a mudança no contrato de modernização para envolver efetivamente cinco monoplaces, de modo a manter a frota com quatro unidades.

Apesar de não contar com porta-aviões, a Marinha do Brasil vê os AF-1 como estratégicos. Em apenas 30 minutos de voo, o caça alcança o limite da Zona Econômica Exclusiva (ZEE). Com três tanques suplementares, é possível ir até o arquipélago de Trindade e voltar. Essa capacidade de esclarecimento livra helicópteros como os SH-16 e os AH-11B da tarefa, além de reduzir o pedido de auxílio dos P-3AM da Força Aérea Brasileira.

O principal destaque da modernização foi a adoção do radar EL/M 2032, com modos ar-ar, ar-solo e ar-mar, neste último caso sendo capaz de acompanhar até 64 embarcações ao mesmo tempo a distâncias de até 160 km. Com o modo de operação de abertura sintética inversa (ISAR) é possível elaborar uma imagem da silhueta do alvo, e assim identificá-lo. Também foram adotados um novo painel digital, novo head up display (HUD), cabine com configuração HOTAS e sistemas de auto-defesa, incluindo RWR.

Ao mesmo tempo, os AF-1 são utilizados para manter viva a doutrina de operações embarcadas. Mesmo no solo, as equipes de mecânicos utilizam os uniformes coloridos típicos da aviação embarcada. E, mais importante ainda, todos os pilotos do VF-1 têm a experiência de realizar pelo menos um pouso a bordo, em um porta-aviões dos EUA, quando fazem lá o curso operacional com os jatos T-45 Goshawk.

Sobre o autor

Humberto Leite

Comentário

  • A marinha do Brasil tem projeto para uma nova embarcação para operar caças e outras aeronaves embarcadas? Esta nova embarcação poderá operar um novo caça embarcado para substituir os atuais AF-1 e este novo caça poderá ser uma versão do novo caça F-39 E Gripen da FAB?
    O Brasil com um litoral superior a 7.491 Km e uma zona econômica livre extensa tem condições de desenvolver o projeto e a construção em parceria e acordos de cooperação tecnológica com outras nações para uma nova embarcação bem como do novo caça embarcado, pois temos capacidade técnica, profissionais qualificados, indústria diversificada, recursos naturais, capacidade de planejar recursos financeiros a médio e longo prazo, o que possibilitará desenvolver e aprimorar nossa indústria de defesa com a fabricação de novas aeronaves para uso embarcado, criar novas indústrias que desenvolverão novos produtos com tecnologia avançada, incrementar nossas exportações, garantir nossa independência tecnológica, defesa das nossas riquezas no mar, manter nossa área de influência e interesses no Atlântico Sul e garantir nossa soberania.
    Nossa indústria de defesa no mar já tem capacidade de construir submarinos, navios de guerra e também em breve a construção de novas corvetas para a nossa marinha, vetores importantes de defesa da marinha de guerra de um país de extensão continental e de grande importância no cenário das nações. O Brasil deve continuar investindo na sua indústria de defesa, indústria esta que deve ser perene e inserida no seu projeto de nação desenvolvida e livre.

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