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Mirage: a lenda chega aos 65 anos

Foto: Ank Kumar

“O inimigo poderá vê-lo, mas jamais alcançá-lo”. Com esse lema, um grupo de projetistas franceses criou nos anos 50 um dos mais icônicos aviões de caça já construídos: o Mirage III. A aeronave da Dassault completou, no dia 17 de novembro, 65 anos do seu primeiro voo, realizado em 1956.

A aviação evoluía rapidamente naqueles anos. A Segunda Guerra Mundial, com seus muitos caças à hélice e raros jatos, havia acabado meros sete anos antes quando, em 1952, o governo francês fazia o requisito de um interceptador supersônico capaz de atuar em todas as condições climáticas. Após os testes iniciais do Mirage I, em 1954, e os planos do Mirage II, de maiores dimensões, a Dassault acabou optando por um projeto que teria como destaque o então novíssimo motor Snecma Atar. Era o Mirage III.

Foto: Bob Adams

A aeronave trazia inovações aerodinâmicas para o voo supersônico, adotando um perfil de fuselagem diferente dos caças da época, e mais parecido com os modelos atuais. Já no décimo voo ele alcançaria Mach 1.6. Em seguida veio a encomenda de dez unidades de pré-série, chamadas de Mirage IIIA. Incluia o motor Atar09B, radar Cyrano Ibis e novos aviônicos. Em 24 de outubro de 1958, um Mirage IIIA atingiu Mach 2,2, tornando-se o primeiro caça da europa ocidental a atingir essa velocidade em voo nivelado.

Dois anos depois voaria o primeiro Mirage III produzido em série, designado Mirage IIIC. Seu principal destaque foi a adoção de dois canhões DEFA de 30mm e mísseis ar-ar, incluindo o Matra R530, semi-ativo, guiado pelo radar. A primeira compra foi da própria Armée de l’air, com 95 unidades. Essa versão ficaria em serviço na França de 1961 até 1988, ao lado de 63 do seu homólogo de treinamento biplace, o Mirage IIIB, sem radar nem canhões. Já em 1964 voaria o Mirage IIIE, e seu biplace IIID, com radar Cyrano e motor Atar 09C. Mais 192 unidades foram encomendadas pela França.

Foto: Força Aérea Brasileira

Incluindo outras versões, ao todo, foram 1.422 Mirage III produzidos, sendo exportado para África do Sul, Argentina, Austrália, Brasil, Chile, Emirados Árabes Unidos, Espanha, Israel, Líbano, Paquistão, Suíça e Venezuela. A Guerra dos Seis Dias, Guerra do Yom Kippur, Guerra das Malvinas e os conflitos fronteiriços da África do Sul e do Paquistão foram palco de ações reais dos Mirage, que também poderia ter se envolvido em ações em Guiné-Bissau e em Moçambique caso o governo de Portugal tivesse concluído as negociações de compra.

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Aposentado na Força Aérea Brasileira em 2015, o Mirage III continua ativo na Força Aérea do Paquistão. São cerca de 80 aeronaves que ainda atuam em tarefas de interceptação, porém, apenas como uma segunda linha de apoio a jatos mais modernos, como os JF-17 Thunder e os F-16.

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