AVIAÇÃO MILITAR & DEFESA

Talibã terá dificuldades para voar aeronaves deixadas para trás

Foto: Larry Reid Jr / USAF

De alerta desde a retomada das ações ofensivas do talibã no Afegansitão, as forças armadas do Uzbequistão agora têm um “problema” a mais: o país recebeu pelo menos 22 aviões e 24 helicópteros, levados por pilotos que fugiram do grupo extremista. A frota inclui aeronaves A-29B Super Tucano, Cessna 208 e Pilatus PC-12, além de 16 helicópteros Mi-17, cinco Mi-35 e cinco UH-60 Blackhawk. Houve também a fuga de aeronaves para o Tajiquistão.

No caso dos turboélices PC-12, as aeronaves estão equipadas com sensores eletro-óticos e de comunicação para missões de inteligência, vigilância e reconhecimento. O mesmo acontece com alguns Cessna 208, que conta com sensores e lançadores de foguetes, sendo designados AC-208.

Das cerca de 400 aeronaves que compunham o acervo da Força Aérea do Afeganistão, é estimado que cerca de 25% foram usadas para fugas. Isso sugere também que parte significativa da frota que caiu em mãos talibãs não está apta para voo, pelo menos imediatamente: de acordo com o Departamento de Defesa dos EUA, modelos como o Cessna 208 e os helicópteros Blackhawk tiveram uma abrupta queda na disponibilidade, e antes da tomada pelo talibã o índice estava abaixo de 30%.

Caso os talibãs queiram voar com as aeronaves capturadas, também haverá dificuldades em conseguir pessoal: somente para o Uzbequistão foram pelo menos 585 pilotos e mecânicos. Porém, há dúvidas sobre o que irá acontecer. Até o momento, o Uzbequistão ainda não definiu uma postura política clara sobre os novos governantes vizinhos, e dependendo do que decidirem pode ser que todo o material venha a ser devolvido.

No caso específico dos helicóteros Blackhawk e dos aviões A-29, especialistas ouvidos pela Air Force Magazine garantem que a grande maioria não devem se tornar operacionais. Podem até ocorrer voos, com demonstração de poder, mas dificilmente será possível cumprir alguma missão. As estimativas apontam cerca de 24 Cessna 208 e até 14 Blackhawks em condições de voo.

Há também o problema de pilotos. Nos primeiros meses de 2021 o talibã promoveu assassinatos de pilotos militares que atuavam em missões contra o grupo. Pelo menos seis foram mortos, segundo reportagem da Reuters. Isso significa que mesmo os que ficaram no país podem querer não se identificar ou serem mortos como vingança. As únicas informações até agora sobre voos de aeronaves sob controle talibã, de fontes ainda pouco confiáveis, mostram pilotos sob mira de armas voando helicópteros Mi-17. Isso seria impossível para um A-29, por exemplo.

Até junho de 2021, de acordo com o Pentágono, o Afeganistão contava com 38 tripulantes para seus 23 A-29 Super Tucano, quinze para os dez AC-208 e 28 para os 23 Cessna 208. No caso dos Blackhawks, também para dois tripulantes, havia 49 aviadores treinados para as 33 aeronaves disponíveis.

O Afeganistão não chegou a receber três A-29, oito UH-60 Blackhawk e dez MD-530. Todo esse material militar deverá agora ficar barrado nos Estados Unidos.

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