AVIAÇÃO COMERCIAL & PRIVADA

D328eco avança para conquistar aviação brasileira

O futuro da aviação regional brasileira é visto com otimismo no Exterior. Estudos da IATA e da ANAC sugerem que o Brasil pode triplicar o número de cidades conectadas. Afinal, hoje, mais de 90% dos voos no território continental do país estão concentrados em apenas 65 aeroportos, deixando várias áreas sem atendimento. Por tudo isso, quem produz e quem vende aeronaves enxerga só uma palavra: oportunidade.

Projeções apontam que operadores brasileiros podem adquirir de 200 a 300 novas aeronaves nos próximos 15 anos. Cada futuro cliente vai decidir as aeronaves desejadas, porém, dadas as características do Brasil e do setor aéreo nacional, é possível traçar algumas possibilidades. Certamente, vai ganhar mercado por aqui quem apresentar soluções com longo alcance, tecnologia para assegurar voos seguros mesmo sobre grandes camadas de floresta, manutenção simples, rede de apoio próxima e baixo custo operacional.

E foi neste contexto que a fabricante alemã Deutsche Aircraft viu no Brasil o cenário ideal para o seu D328eco. Trata-se de uma versão avançada do turboélice Dornier 328, que foi produzido de 1991 a 2000, e se prepara para voltar ao mercado melhorado, com estado da arte de tecnologia. A primeira vista, chama a atenção a mudança na fuselagem, que foi alongada em dois metros alongada, chegando a 23,30m, o que elevou a capacidade interna, chegando a 40 passageiros. Porém, é a tecnologia que faz sucesso – e o segredo, desse novo modelo.

O D328eco conta com uma suíte de aviônicos Garmin G5000 capaz de proporcionar voos seguros tanto em espaços aéreos congestionados e com novas exigências técnicas, como sobre São Paulo (SP), ou para operações em localidades isoladas, onde a aeronave depende praticamente de si mesma para cumprir sua rota. Mas o grande destaque tecnológico, porém, está na área de eficiência. Melhorias estruturais e os novos motores Pratt & Whitney Canada PW127XT-S prometem um ganho de 2% a 3% na eficiência do consumo específico de combustível. Jatos regionais com o mesmo número de assentos “bebem” até 50% mais. Assim, a expectativa é de custos até 40% menores que frente a turboélices de gerações anteriores.

Menos emissões de poluentes na atmosfera e a possibilidade de uso de 100% de combustível sustentável (SAF) justificam a nova nomenclatura: 328eco. A Deutsche Aircraft acredita que a preocupação ambiental não é uma moda, sendo uma prioridade central para operadores, governos e passageiros. Com combustível Jet-A1, a redução de CO2 é 22% menor que seus principais concorrentes. Quando voa com SAF, este índice chega a 95%. Até a fábrica do avião, em Leipzig, se destaca por ser neutra em emissões de CO2. Destaque também para uso de energias renováveis em todas as áreas.

E na aeronave, isto está longe de representar perda de desempenho. O fato é que a adoção de novas tecnologias ampliou o desempenho anterior, inclusive com acréscimo de 1,7 tonelada no peso máximo de decolagem.  Um destaque é o teto de serviço, de 30 mil pés, cerca de 9.144 metros, o suficiente para que a aeronave passe por vários dos desafios meteorológicos apresentados, ainda mais na Região Amazônica, no Sul do Brasil ou na área da Serra do Mar, por exemplo. Já o alcance pode chegar a 1.205 milhas náuticas (mais de 2.230km), dependendo da configuração, mantendo-se uma velocidade de cruzeiro de 600km/h. E é possível operar em pistas com meros 800m, com redução de capacidades.

E somando-se a tudo isso, um elemento disruptivo e diferenciador – quando a Deutsche Aircraft elenca o Brasil como um dos principais futuros mercados para o Dornier 328, a empresa realmente está comprometida com o tema. Ainda sem nenhuma encomenda por aqui, os alemães firmaram uma parceria com a empresa brasileira Akaer que pode ajudar significativamente na introdução da aeronave no Brasil e nos países vizinhos.

Assim, cabe à Akaer a produção da fuselagem dianteira da aeronave, além de futuramente melhorar o acesso a peças de reposição e suporte técnico e facilitar serviços de manutenção, reparo e revisão (MRO). O objetivo é fornecer suporte completo ao longo do ciclo de vida da aeronave, maximizando a disponibilidade e a eficiência operacional.

E o cronograma tem sido seguido à risca. Em agosto de 2025, a Deutsche Aircraft e a Akaer inauguraram a linha de montagem da fuselagem dianteira em São José dos Campos (SP), marcando a transição do desenvolvimento para a produção. A primeira fuselagem dianteira está programada para entrega até o final de 2026, com a produção completa da aeronave começando em 2026 e a entrada em serviço planejada para 2027. Enquanto isso, na Alemanha, o primeiro protótipo deverá voar nos próximos meses, iniciando-se então a campanha de testes em voo e o processo de certificação.

A parceria com o Brasil não é só uma motivação dos alemães para abrir mercado. A Akaer tem um histórico já considerável no projeto, desenvolvimento e produção de componentes de aeronaves, tendo atuado em projetos estratégicos para o Brasil como o Gripen, o KC-390 e câmeras para satélites. No caso dos caças Gripen, a empresa fez o desenvolvimento completo da fuselagem traseira, além da concepção estrutural de asas, porta do trem pouso principal e partes da fuselagem central.

E o portfólio da Akaer inclui, ainda parcerias com a Helibras em desenvolvimento de projetos de modificações no projeto inicial dos sistemas mecânicos e elétricos do Airbus H225M, do HB350 e do helicóptero militar Pantera K2. Houve, ainda, parceria com a Airbus no desenvolvimento de artes do A400M Atlas, além de trabalhos com o Boeing 747-8 e Airbus A380. Agora, a expectativa é a de que o D328eco possa se tornar um dos principais produtos da Akaer e a de que a aeronave alemã criada para oferecer sustentabilidade e modernidade possa, num futuro breve, fazer parte do setor aéreo brasileiro. E, ainda que não faça parte dos planos de comercialização divulgados, não se pode negar o potencial do modelo em um futuro projeto de renovação da frota da Força Aérea Brasileira. Mais que substituto do C-97 Brasília, a sua versatilidade o qualifica como opção ao C-95 Bandeirante em alguns cenários.

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