AVIAÇÃO MILITAR & DEFESA

Histórico: FAB faz primeiro lançamento do mais poderoso míssil ar-ar da América Latina

Caça Gripen com mísseis Meteor, da MBDA

O Brasil é o país da América Latina com o melhor míssil para combate aéreo atualmente em serviço. A afirmação ganhou nova força hoje, 27 de novembro de 2025, com a notícia de que a Força Aérea Brasileira (FAB) realizou o primeiro disparo de um míssil Meteor, tendo como aeronave lançadora um caça F-39E Gripen. A Revista ASAS confirmou o lançamento nesta manhã, em primeira mão.

A FAB montou uma grande operação para teste, tendo como sede a Base Aérea de Natal. Quatro caças F-39E Gripen do 1º Grupo de Defesa Aérea foram mobilizados, além de um E-99M do Esquadrão Guardião, um P-95 do Esquadrão Netuno e um P-3AM do Esquadrão Orion. Jatos KC-390 Millenium e C-30 deram apoio logístico. A mobilização foi chamada de Operação BVR-X.

Por que o Meteor se destaca?

Não é exagero dizer que o Meteor é, agora, o míssil mais capaz em serviço na América Latina. É capaz de voar a quatro vezes a velocidade do som e tem a maior “no escape zone” já alcançada por uma arma ar-ar: 60 km. Isso quer dizer que qualquer alvo a até 60 km de distância do avião lançador será destruído. Nem adianta tentar fugir ou fazer manobras. O alcance máximo superaria os 200 km.

O desempenho seria três vezes maior que a “no escape zone” do AIM-120 AMRAAM, atualmente em uso nos F-16 do Chile e, futuramente, nos F-16 adquiridos pela Argentina. Também supera o R-77 e R-27 em uso pelos Sukhoi Su-30 Flanker da Venezuela. Para se ter uma ideia, britânicos e italianos vão integrar o míssil europeu Meteor aos seus novos caças F-35 Lighting II, fabricados nos Estados Unidos. A Coreia do Sul também vai utilizá-lo no seu futuro jato KF-21 Boramae. Caças Rafale, Eurofighter Typhoon e o Gripen já são adaptados à arma.

Míssil Meteor com caça Gripen da Força Aérea da Suécia

As capacidades detalhadas não são divulgadas nem pela fabricante, o consórcio europeu MBDA, nem pelos países que já o utilizam (Alemanha, Catar, Croácia, Egito, Espanha, França, Grécia, Índia, Itália, Reino Unido e Suécia). Algumas informações públicas, porém, mostram o quanto o Meteor se beneficia por ser, em essência, um armamento mais novo. Ainda que os R-77 e AIM-120 tenham recebido melhorias, são armamentos com conceito elaborado nos anos 80 e que iniciaram a vida operacional na década seguinte. No caso do Meteor, o primeiro disparo, ainda em fase de testes, ocorreu em 2006. A entrada em serviço foi celebrada em 2016.

O fato é que mísseis ar-ar de geração anterior costumam ter uma fraqueza: o motor foguete despeja uma enorme quantidade de potência nos primeiros segundos de voo, mas logo em seguida a velocidade começa a cair. Por isso, dependendo das manobras, o alvo pode escapar de um míssil que já esteja na fase final de voo. Quem estiver sob fogo do Meteor, contudo, enfrenta uma ameaça diferente. Além do foguete propelente, há também um motor que acelera o míssil no meio do voo. Na prática, ao se aproximar do alvo, o Meteor acelera, enquanto atualiza em tempo real a localização da presa.

Meteor em caça F-35B Foto: Ministério da Defesa do Reino Unido

Há três sistemas de guiagem: um datalink para receber informações de alguma aeronave aliada, não necessariamente a lançadora; um sistema de navegação inercial; e um radar ativo para as últimas atualizações do alvo. De acordo com o fabricante, o míssil tem um desempenho cinético seis vezes maior que seus concorrentes atuais.

O programa Meteor é uma das colaborações de Defesa mais bem-sucedidas da Europa, que conta com o Reino Unido, a França, a Alemanha, a Itália, a Espanha e a Suécia.

Ensaio da liderança

Um ano atrás, o Brasil já havia, simbolicamente, demonstrado que está pronto para assumir a liderança na capacidade aérea do continente. Durante o exercício CRUZEX, caças F-39E estiveram com versões inertes dos mísseis Meteor e IRIS-T, este último voltado para o combate ar-ar de curto alcance.

Além disso, foi informado que, para que o exercício pudesse proporcionar ganho de conhecimento, os caças F-39E tiveram algumas das suas capacidades virtualmente reduzidas. Os F-39 se exercitavam contra os F-16 do Chile, F-15C dos Estados Unidos e IA-63 argentinos, além dos F-5 e A-1 brasileiros.

Caças F-39E com mísseis Meteor, de treinamento, durante a CRUZEX 2024

Durante as missões realizadas na CRUZEX, a maior parte das aeronaves voava como uma força de coalizão, a chamada “Blue Force”. Mas um pequeno contingente era escalado para fazer o papel de força hostil, a “Red Force”. Essa escala não era fixa: um dia, um caça poderia fazer parte da Blue Force e, na missão seguinte, ser da Red Force. Foi neste segundo contexto que os Gripen voaram com capacidades reduzidas.

Na Blue Force, os pilotos brasileiros de F-39 podiam lançar virtualmente tanto seus mísseis IRIS-T, de curto alcance, quanto Meteor, de alcance além do horizonte (BVR). Quando estavam na Red Force, contudo, os Gripen contavam com um armamento fictício de menores capacidades. Todos os “lançamentos” de armamentos ocorriam apenas de maneira simulada, e softwares avaliavam se os disparos teriam sido bem-sucedidos.

A situação revelou o desenvolvimento do poder aéreo do Brasil. No passado, quando a Força Aérea Brasileira chegou a utilizar caças Mirage III, Xavante e as versões não modernizadas do A-1 e do F-5 em combates contra modelos como Mirage 2000, F-14 e F-16, esses aviões estrangeiros não simulavam o emprego de armamentos BVR. Agora, foi necessário adotar uma solução semelhante.

FRETE GRÁTIS A PARTIR DE R$ 99,90! USE O CUPOM: NATALASAS

NOVA EDIÇÃO DA ASAS!

Carrinho