AVIAÇÃO COMERCIAL & PRIVADA

Com recorde, Embraer mostra força para encarar sanções dos EUA

Manutenção de jato fabricado pela Embraer em Fort Worth, Texas. Foto: Embraer

A Embraer alcançou o valor de US$ 29,7 bilhões em sua carteira de pedidos no segundo trimestre de 2025. É o maior nível já registrado pela empresa. O valor é dividido entre os segmentos de aviação comercial (US$ 13,1 bilhões), aviação executiva (US$ 7,4 bi). defesa & segurança (US$ 4,3 bi) e serviços & suporte (US$ 4,9 bi). A boa notícia vem a poucos dias de o Brasil começar a enfrentar as novas tarifas comerciais impostas pelos Estados Unidos, previstas para 1º de agosto. Ainda não é possível afirmar o impacto que as sanções impostas pelos Estados Unidos irão prejudicar a fabricante, porém, o fato é que a empresa brasileira está fortalecida para enfrentar a turbulência.

A aviação comercial atingiu a maior carteira de pedidos em 8 anos, totalizando US$13,1 bilhões (o recorde anterior foi de US$13,4 bilhões, no fim de 2017). O valor representa um crescimento de 31% em relação ao trimestre anterior e de 16% em comparação com o mesmo período do ano passado. Além do forte desempenho em vendas, a unidade de negócios celebrou o marco de 1.000 unidades vendidas do E175 desde seu lançamento em 2005.

Embraer faz exportações para clientes em todo o mundo. Foto: Embraer

Durante o trimestre, a Embraer recebeu um pedido firme da SkyWest para 60 aeronaves E175, com direitos de compra para mais 50 unidades. No mesmo período, a Scandinavian Airlines (SAS) firmou um acordo para a aquisição de 45 aeronaves E195-E2, com direitos de compra para mais 10 unidades – o maior pedido de jatos feito pela SAS diretamente a um fabricante nos últimos 30 anos. O índice de pedidos para vendas da divisão foi de 1,8 vez nos últimos 12 meses.

Neste segundo trimestre de 2025, a unidade de negócios entregou 19 novas aeronaves, exatamente em linha com o número de aeronaves entregues no 2T24. No primeiro semestre de 2025, as entregas totalizaram 26 aeronaves, o equivalente a 32% do ponto médio da estimativa anual de 2025 (entre 77 e 85) – 3 pontos percentuais abaixo da média de 35% registrada para o período nos últimos 5 anos.

Os modelos entregues durante o trimestre foram o E175 para a Republic Airlines (5), SkyWest (2) e Horizon Air (2), o E190-E2 para a Azorra (1), e o E195-E2 para Aercap (3), Azorra (2), Mexicana (1), Royal Jordanian (1), Binter (1) e ICBC (1). A companhia espera que suas iniciativas de nivelamento da produção gerem resultados mais concretos neste segundo semestre de 2025 e em 2026.

Foto: Agência Brasil

Aviação executiva e defesa

A aviação executiva registrou uma carteira de pedidos de US$7,4 bilhões no trimestre – alta de 62% em relação ao mesmo período do ano anterior, mas com leve queda de 2% em relação ao trimestre anterior. As entregas somaram 38 jatos no período, 41% superior aos 27 jatos entregues no mesmo período do ano passado. No primeiro semestre de 2025, as entregas totalizaram 61 aeronaves, o equivalente a 41% do ponto médio da estimativa anual de 2025 (entre 145 e 155), oito pontos percentuais acima da média de 32% registrada para o período nos últimos cinco anos.

Em defesa & segurança, a carteira de pedidos encerrou o trimestre em US$4,3 bilhões, 3% acima do trimestre anterior e o dobro do valor registrado há um ano. A unidade de negócios entregou quatro aeronaves A-29 Super Tucano para a Força Aérea Paraguaia no período.

Entrega do terceiro KC-390 de Portugal. Foto: Claudio Capucho/Embraer

Os destaques da divisão incluem o anúncio da Lituânia de que o C-390 Millennium foi selecionado para reforçar a prontidão militar do país, e a decisão de Portugal de adquirir uma sexta aeronave KC-390 Millennium. Além disso, a Embraer e a Força Aérea Portuguesa pretendem incluir dez opções de compra no contrato atual, visando a aquisições futuras por países europeus ou membros da OTAN (Organização do Tratado do Atlântico Norte).

A seleção do C-390 Millennium pela Suécia (4 unidades) e pela Eslováquia (3 unidades), o pedido adicional de Portugal (1 unidade) e os A-29 Super Tucano para o Panamá (4 unidades) não foram incluídos na carteira de pedidos, pois os contratos ainda não estão em vigor.

Sanções dos EUA

A Embraer é apontada como a principal exportadora de bens de alto valor agregado e os Estados Unidos constituem um mercado significativo, onde atua há mais de 45 anos. Hoje, cerca de um terço dos voos regionais em grandes aeroportos de lá são realizados com aeronaves da fabricante brasileira, que tem sedes nos Estados Unidos.

Há a expectativa de que outros mercados, como na Ásia e na Europa, sejam atenção de maior foco com as sanções dos EUA, ou mesmo que os negócios não sejam interrompidos. Há a expectativa de um acordo específico para a área.

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Humberto Leite

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