Aliados no âmbito da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN), Estados Unidos e Dinamarca estão em polos opostos quando o assunto é Groelândia. No centro do debate está a proposta do presidente norte-americano Donald Trump de anexar a ilha, de soberania dinamarquesa, por uma questão de interesse nacional – autoridades dos EUA garantiram não se tratar de uma piada. Já o Reino europeu reitera a defesa do território ultramarino e promete ampliar a presença militar.
Neste semana, a US Air Force deslocou dois caças F-16 Fighting Falcon para a Pituffik Space Base, construída pelos norte-americanos na Groelândia em 1951, após um acordo com a Dinamarca. Este deslocamento atual de forças teria sido motivado, de acordo com comunicado oficial do North American Aerospace Defense Command (NORAD), por conta da presença de aeronaves russas na região.
Com forças armadas bem menores que a dos Estados Unidos, a Dinamarca promete ampliar sua presença militar na Groelândia. O país conta atualmente com apenas quatro navios e um avião de vigilância Challenger permanentemente na ilha. Uma das principais metas é adaptar uma base local para receber caças F-35 Lightning II. Para isso, o país tem investido na capacidade de promover deslocamentos com seus F-35, mas os resultados ainda são limitados.
A Dinamarca possui atualmente mais de 1.400 ilhas no seu território, tendo posse sobre a Groelândia desde 1921. Sua força aérea contará com um total de 27 caças F-35A, ainda em fase de recebimento.

Adeus ao F-16
Em 2023, o governo da Dinamarca anunciou a intenção de encerrar as operações dos 43 F-16AM/BM em serviço no país em 2025, dois anos antes do previsto. A decisão aumenta as possibilidades de essas aeronaves serem negociadas no mercado de segunda mão ou serem transferidas para a Ucrânia, uma possibilidade até agora sem nenhuma confirmação oficial.
Os F-16 dinamarqueses já acumulam mais de 40 anos de operação: o primeiro, um F-16B, foi recebido em janeiro de 1980, de uma encomenda inicial de 58 unidades. Posteriormente, foram adquiridas aeronaves adicionais para suprir perdas operacionais, chegando a 62 F-16A e 15 F-16B. A partir de 1989, 48 F-16A e 13 F-16B passaram por uma modernização, ganhando as designações AM e BM. Em 2013, foram adquiridos 50 motores F100 PW220E usados para substituir os originais.
Com dois esquadrões operacionais de F-16, a Dinamarca participa do alerta de defesa aérea da OTAN e já enviou caças para operações internacionais, tendo tido seu batismo de fogo em 1998, contra posições sérvias no Kosovo, onde permaneceram até o ano 2000. Entre 2002 e 2003, também atuaram no Afeganistão, a partir de uma base no Quirguistão, sendo responsáveis pelo lançamento de bombas guiadas a laser. Outras missões reais foram cumpridas na Líbia, em 2011, e contra facção terroristas no Iraque, em 2014 e 2016.

Aquisição do F-35
Em 2005, a Dinamarca iniciou uma concorrência para substituição dos seus F-16, tendo como competidores o F-35, o Eurofighter, o Gripen e o Rafale, sendo esta última proposta retirada porque a Dassault alegou que o caça norte-americano já estava previamente selecionado. Após uma série de atrasos, a decisão final foi anunciada em 2016, que seria a compra de 27 unidades do F-35A, da Lockheed Martin.
A troca de mais de 40 F-16 por um número menor de F-35 foi alvo de críticas públicas, porém o governo da Dinamarca alegou que os novos caças irão voar uma quantidade maior de horas por ano, compensando a diferença.
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