Manter os tradicionais laços criados há décadas ou buscar um novo tipo de alinhamento? É essa a questão política que está em jogo na aquisição de caças pela Argentina, agora dividida entre jatos norte-americanos F-16 ou sino-paquistaneses JF-17 Thunder.
O governo argentino anunciou o interesse pelo JF-17 ainda em 2013, quando seus Mirage estavam no fim da vida operativa. A primeira visita de uma comitiva à China para tratar do tema ocorreu em 2015. De lá para cá, tem crescido o interesse pelo caça, até agora em serviço no Iraque, Nigéria, Mianmar e Paquistão, mas não adotado pela China.
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Desde o primeiro momento, o JF-17 se mostrou uma opção superior a outras ofertas oferecidas, como caças Mirage F-1 ou Kfir usados. Em 2021, o governo de Buenos Aires chegou a prever 664 milhões de dólares no orçamento do ano seguinte para a compra de caças JF-17. Contudo, à época, o próprio Ministério informou que o projeto ainda estava em avaliação e que sequer havia uma decisão sobre o modelo a ser adquirido. Seriam doze caças, além de peças extras e mudanças de infraestrutura em uma base aérea.
Porém, o interesse no JF-17 continua. No ano passado, duas comitivas do Estado-Maior das Forças Armadas da Argentina foram até o Paquistão para conhecer a operação do caça e sua linha de montagem. O foco específico é pela versão Block III, com radar AESA e mira no capacete. O Paquistão, que opera o F-16, garante que são aeronaves equivalentes.
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Uma das principais vantagens oferecidas pela China e pelo Paquistão é a independência política. A tentativa de adquirir os caças sul-coreanos FA-50 naufragaram cedo, por conta de um embargo do Reino Unido. Comprar o JF-17, por outro lado, seria possível. A medida, porém, significaria um realinhamento político da Argentina.
Washington contra-ataca
Após décadas vetando vendas à Argentina e mesmo fazendo com que os radares APG-66 que equiparam os jatos A-4AR Fightinghawk tivessem suas capacidades reduzidas, os Estados Unidos parecem finalmente dispostos a autorizar a venda de novas aeronaves ao país da América do Sul. Seriam novas aeronaves, porém não aeronaves novas.
O governo de Joe Biden enviou ao Senado do seu país um pedido para autorizar a Dinamarca a exportar caças F-16 aos argentinos. Seriam até seis F-16A/B e 32 F-16 Block 15, pelo valor de US$ 339 milhões. O pedido também incluiria a luz verde para a oferta, também por parte da Dinamarca, de quatro P-3 por US$ 108 milhões.
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O fato, porém, é que são aeronaves em estado discutível, com cerca de 40 anos de serviço. Os jatos chegaram a ser ofertados para a Turquia, mas o país recusou a oferta. Um dos fatores é que a vida útil restante desses F-16 é avaliada em apenas mais dez anos. São caças em serviço desde os anos 80, que passaram por modernização, mas estão em um padrão bem abaixo dos F-16 das versões mais recentes.
A Argentina planejaria a aquisição de até doze aeronaves, junto com um reabastecedor KC-135 – outro modelo já em fase de desativação. Os F-16 da década de 80 seriam uma opção menos avançada que o próprio JF-17 Thunder, tendo ainda a desvantagem da vida útil menor.
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Sem interceptadores
O fato é que a Argentina vem acumulando uma série de notícias frustradas sobre a aquisição de novos jatos e sequer conseguiu colocar em serviço os Super Étendart Modernisé adquiridos usados da Marinha da França. Desde a aposentadoria dos Mirage, em 2015, os A-4 são os únicos jatos de alto desempenho em serviço na Argentina, ainda assim mantendo características subsônicas. E seriam menos de dez A-4 em condições de voo.
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