O primeiro lançamento comercial de um foguete no Brasil está com a data marcada. A empresa sul-coreana Innospace anunciou hoje que seu veículo espacial Hanbit deverá decolar do Centro de Lançamento de Alcântara, no Maranhão, em 22 de novembro, às 15 horas (horário local). Questões operacionais podem afetar o planejamento.
O foguete Hanbit tem 21,8 metros de altura e diâmetro de 1,4 metro. É equipado como um motor-foguete de 25 toneladas como primeiro estágio e um segundo motor-foguete de 3 toneladas como segundo estágio. Em dezembro de 2022, outro Hanbit foi lançado pela Innospace em Alcântara, em um voo de teste.

A data foi determinada tendo como base as inspeções de segurança requeridas, além do diálogo com a Força Aérea Brasileira, que administra o Centro de Lançamento de Alcântara. A expectativa é posicionar o satélite comercial Solaras-S2 a uma órbita de 300 km da Terra. rata-se de um módulo de comunicações voltado à observação da atividade solar, desenvolvido pela empresa indiana Grahaa Space, referência em soluções tecnológicas para missões de pequeno porte. O objetivo é monitorar fenômenos solares que podem impactar comunicações, navegação e sistemas tecnológicos na Terra.
Também serão levadas cargas de pequeno porte de origem brasileira. A empresa Castro Leite Consultoria (CLC) integra a missão com dois equipamentos embarcados, sendo um deles um Sistema de Navegação Inercial (INS) desenvolvido para qualificação tecnológica em ambiente de voo espacial real. O sistema é responsável pela execução do algoritmo de navegação, tanto autônoma quanto auxiliada por GNSS (Global Navigation Satellite System). O objetivo é testar e validar a plataforma em ambiente suborbital, obtendo dados fundamentais para sua futura aplicação em sistemas de navegação embarcados em missões espaciais.
Também irá ao espaço um sistema de navegação inercial (SNI) desenvolvido por meio de uma encomenda tecnológica da Agência Espacial Brasileira em parceria com as empresas Concert Space, Cron e Horuseye Tech. O SNI é responsável por determinar, com precisão, a velocidade, a posição e a atitude de um veículo durante a sua trajetória, garantindo maior controle e eficiência. Além do setor aeroespacial, a tecnologia pode ser aplicada em IoT, drones, veículos terrestres e marítimos, representando um avanço estratégico para a indústria nacional.

Destaque ainda para os satélites FloripaSat-2A e FloripaSat-2B, desenvolvidos pelo SpaceLab da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC). Suas missões serão validar em órbita tecnologias criadas no próprio laboratório, consolidando a plataforma FloripaSat-2 como base para futuras missões espaciais. Será a primeira vez que uma plataforma completa e projetada integralmente pelo SpaceLab será testada em voo. Entre os experimentos, está a validação de um sistema de comunicação via LoRa, tecnologia de baixo consumo energético amplamente utilizada em aplicações de IoT (Internet das Coisas).
O satélite FloripaSat-2B é 100% nacional, com antenas projetadas no próprio laboratório, estrutura fabricada no país e painéis solares desenvolvidos em parceria com empresas brasileiras. O lançamento marca o primeiro voo dessa nova geração de plataforma nacional, reforçando a autonomia tecnológica e ampliando as possibilidades para futuros satélites acadêmicos e institucionais.
Já a Universidade Federal do Maranhão, em parceria com startups, enviará o Jussara-K, satélite concebido para coletar dados ambientais em regiões de difícil acesso, comunicando-se com plataformas terrestres de coleta de dados (PCDs) posicionadas estrategicamente na região de Alcântara. O nome faz referência ao fruto juçara, tradicional do Maranhão, enquanto a letra “K” representa a colaboração com a Epic of Sun, que planeja lançar uma constelação de satélites denominada Kara.

Por fim, o PIOR-BR2 é um satélite educacional desenvolvido pela Universidade Federal do Maranhão (UFMA), em parceria com a AEB, o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD) e a startup PION. O veículo levará mensagens de alunos da rede pública local ao espaço, tal como uma metáfora da tradicional “garrafa ao mar”. Além do caráter simbólico e educacional da ação, a universidade fará testes de módulos e sistemas nacionais de comunicação, energia, painéis solares e computador de bordo, contribuindo para o fortalecimento da indústria espacial brasileira. A iniciativa busca aproximar as comunidades quilombolas de Alcântara das atividades espaciais, transformando moradores e estudantes em protagonistas de uma missão inédita para o país.
Uso comercial
“A Operação Spaceward marca o primeiro lançamento comercial realizado a partir do território nacional e simboliza a entrada definitiva do País no mercado global de lançamentos espaciais. Essa evolução inaugura um círculo virtuoso para o Programa Espacial Brasileiro, promovendo maior investimento no segmento, impulsionando o desenvolvimento tecnológico do país e fortalecendo a soberania do Brasil no setor. A FAB mobilizou equipes altamente qualificadas, com décadas de experiência na condução de operações complexas, para garantir que cada etapa seja executada com precisão, segurança e excelência. Lançar um veículo estrangeiro aqui no Brasil mostra ao mundo que nós temos infraestrutura, conhecimento e autonomia para operar em um dos segmentos mais estratégicos da atualidade”, comenta o Diretor-Geral do Departamento de Ciência e Tecnologia Aeroespacial (DCTA), Tenente-Brigadeiro do Ar Ricardo Augusto Fonseca Neubert.
A missão é resultado de um edital de chamamento público feito pela AEB em 2020, voltada a empresas interessadas em realizar lançamentos a partir do CLA. A Innospace foi uma das selecionadas, assinando contrato com o Comando da Aeronáutica (COMAER) em 2022.










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