A Força Aérea Portuguesa (FAP) recebeu, oficialmente, seus cinco primeiros A-29N Super Tucano, em solenidade realizada nas instalações da OGMA, em Alverca. A entrega ocorre um ano e um dia depois da assinatura do contrato de aquisição de 12 aeronaves.
São as primeiras aeronaves A-29 em serviço na Europa e a Embraer projeta mais vendas por lá. A fabricante brasileira assinou com o governo de Portugal uma Carta de Interesse com vistas ao potencial estabelecimento de uma linha de montagem final do A-29N. A ideia é atender a eventuais vendas para outros países do velho continente.
Brasil reavalia o T-27 Tucano
Em paralelo, a Força Aérea Brasileira (FAB) criou nesta semana, oficialmente, um grupo de trabalho que pode mudar o uso de aeronaves T-27 Tucano. Conforme publicado no Boletim do Comando da Aeronáutica, até março, um conjunto de militares deverá avaliar uma série de possíveis mudanças.

Entre as possibilidades apontadas, estão a montagem de mais aviões T-25M, os T-25M assumirem as missões de formação de voo hoje realizadas pelos T-27M na Academia da Força Aérea, os T-27M serem usados para a formação de futuros pilotos de caça no Esquadrão Joker, o T-27M equipar a Esquadrilha da Fumaça e a concentração da frota de A-29 Super Tucano nas unidades de caça na fronteira. O estudo deverá avaliar impactos logísticos, operacionais e de custos envolvidos.
Estudo não é decisão
Vale salientar, contudo, que um Grupo de Trabalho não toma decisões. O estudo servirá para subsidiar decisões na área. Isto é: avaliar este cenário pode ajudar a FAB a tomar estas ou outras decisões. O cenário traçado é apenas uma possibilidade a ser avaliada.

Decisões temporárias também não podem ser descartadas. Um dos fatores a ser considerado é o fato de que a FAB deve parar temporariamente partes da frota de A-29. Isso será necessário para um processo de modernização.
Injeção de recursos
Vale ressaltar que, em novembro, foi aprovada a lei que garantiu que, a partir de 2026 anualmente, R$ 5 bilhões estarão fora do “teto de gastos” do Governo Federal para investimento exclusivo em projetos de defesa nacional. A proposta uniu deputados e senadores da oposição e da base governista, tendo sido aprovada com grande margem. Foi garantido, inclusive, a tramitação em regime de urgência nas duas casas.
Em audiência pública realizada em 9 de setembro, as Forças Armadas mostraram seus projetos prioritários. Um deles era a manutenção e modernização da frota de A-29 Super Tucano. À época, o chefe do Estado-Maior da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro do Ar Walcyr Josué de Castilho Araújo, apresentou números que mostravam o déficit anual de investimentos na frota necessária para interceptar aeronaves envolvidas em crimes transnacionais, como tráfico de drogas.

O militar apresentou dados de 2021 a 2024, além das projeções de 2025 até 2033. Em nenhum ano o total investido chega ao investimento necessário. O cenário mais crítico foi em 2021, quando havia necessidade de R$ 309 milhões, mas o governo desembolsou R$ 120 milhões. A situação menos grave foi em 2024, quando a disponibilidade de recursos foi de R$ 142 milhões, frente a uma necessidade de R$ 210 milhões. Os números anteriores foram corrigidos pelo IPCA do período para permitir a comparação.
Com a aprovação da garantia do fluxo de investimentos, a expectativa é a de que a FAB possa manter a frota em serviço e conduza o já planejado processo de modernização.











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