Há exatos 70 anos, em 22 de junho de 1954, decolava pela primeira vez o protótipo do A-4 Skyhawk, uma das aeronaves militares mais famosas da história, sendo reconhecido pela confiabilidade em diversos conflitos, do Oriente Médio ao Atlântico Sul. Foram 2.960 unidades produzidas entre 1954 e 1979, estando ainda em uso com duas forças armadas: a força aérea da Argentina e a Marinha do Brasil, além de empresas privadas.
Quando voou pela primeira vez, até a designação da aeronave era diferente: foi classificado nos Estados Unidos como A4D, código usado até a criação do novo sistema de designação do Pentágono, em 1962, quando passou a ser chamado de A-4 Skyhawk. Já a clássica fabricante McDonnell Douglas também ainda não existia, tendo sido fundada só em abril de 1967, após a fusão da McDonnell Aircraft com a Douglas Aircraft Company.
Quando se vê o A-4 desempenhando hoje tarefas como oponente para combates aéreos em alto nível, formação de pilotos de caça da primeira linha ou ataque naval de alto desempenho, vê-se o sucesso de um projeto criado nos anos 50 com o propósito inicial de substituir os Douglas A-1 Skyraider para missões de apoio aéreo aproximado. Ao longo de sete décadas, foi reconhecido pela manobrabilidade, com elevado desempenho em missões ar-solo enquanto conseguia fazer frente a caças teoricamente bem mais capazes no cenário ar-ar.
A entrada em serviço ocorreu no fim de 1956, com esquadrões de ataque da US Navy e do US Marine Corps, tendo conquistado espaço sobretudo nos porta-aviões de projeto da época da Segunda Guerra Mundial, como os da classe USS Essex, que não podiam receber aeronaves maiores e mais pesadas, como o F-8 Crusader e o F-4 Phantom II. A multifuncionalidade foi notada desde o início, e logo ao entrar em serviço o A-4 se tornou o primeiro jato norte-americano a operar com mísseis ar-ar AIM-9 Sidewinder fora do território continental do país. Também foi pioneiro no reabastecimento em voo do tipo buddy-buddy, uma alternativa para quando há ausência de aeronaves específicas para a missão.
A incorporação de tecnologia foi constante ao longo das múltiplas versões, destacando-se a “corcunda” instalada a partir do A-4F, com propósito de levar mais equipamentos. Já o A-4M recebeu a designação comercial de Skyhawk II, de forma a ressaltar as evoluções obtidas com o motor J52-P-408, mais potente, e os novos sistemas instalados.
Com as cores dos Estados Unidos, o A-4 fez história por ter sido, possivelmente, o modelo de aeronave a ter feito o primeiro ataque na Guerra do Vietnã. Foi por lá que, em 1967, um A-4 obteve o seu primeiro “kill”, obtido sobre um MiG-17 com o inusual emprego de foguetes não guiados. O conflito, porém, foi duro para os Skyhawk, com o registro de 362 perdas. Apesar de ter sido substituído por modelos mais capazes, como os A-7 Corsair II, os A-4 foram reaproveitados para missões de treinamento, tendo como destaque o papel de adversários para os esquadrões de caça, no programa popularmente conhecido como Top Gun. A US Navy aposentou o modelo só em 2003.
De olho no jato desde a sua fase de projeto, Israel recebeu luz verde para a compra em 1966, tornando-se o maior cliente de exportação, tendo recebido 266 unidades. Já em 1968 houve o batismo de fogo, em uma longa e agitada carreira que incluiu a Guerra do Atrito e a Guerra do Yom Kippur. Mig-21, MiG-17 e mísseis antiaéreos foram seus principais opositores, com o jato da McDonnell Douglas se destacando pela capacidade de pousar mesmo após ser severamente danificado. Apesar da entrada em serviço de modelos mais modernos, como os F-16, a aposentadoria total por lá chegou apenas em 2015.
No Atlântico Sul, o A-4 viu ação com as cores da marinha e da força aérea argentinas, durante a Guerra das Malvinas, em 1982. Um total de 48 aeronaves foram empregadas, com a perda de 22 delas, oito abatidas pelos Sea Harrier britânicos. Ainda assim, os A-4 são, por muitos, considerados como as principais aeronaves da Argentina no conflito, se destacando no ataque a alvos em solo e na efetiva participação no afundamento de embarcações como as fragatas Antelope e Ardent, além do destroier Coventry, sem contar danos em diversos outros. Aviadores argentinos sustentam até hoje que também houve um ataque contra o porta-aviões HMS Invincible. Após modernização nos anos 90, os A-4 continuam em serviço na Argentina, inclusive havendo a expectativa de servirem para o treinamento dos futuros pilotos de F-16.
Outra ação dramática dos A-4 ocorreu no Oriente Médio. Após conseguirem fugir da sua própria base, pilotos kuwaitianos operaram 24 A-4 remanescentes contra forças de Saddam Hussein em seu próprio país. Foram 1.361 missões entre 1990 e 1991, com uma única perda. No fim daquela década, as aeronaves foram negociadas com a Marinha do Brasil, que chegou a utilizá-las nos porta-aviões Minas Gerais e São Paulo, ambos atualmente já aposentados. Modernizadas, as aeronaves continuam em serviço, mais notadamente na Base Aeronaval de São Pedro da Aldeia.
Os A-4 também estiveram em serviço com Austrália, Indonésia, Malásia e Nova Zelândia. Hoje, parte dessa frota aposentada voa pelas empresas Top Aces e Draken International, cumprindo tarefas diversas de treinamento para forças militares.
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