A Fuerza Aérea Argentina ainda não voou seu primeiro caça F-16 e já enfrenta polêmicas sobre o Reino Unido. De acordo com o site La Política Online, os radares dos jatos terão capacidades reduzidas, a pedido do Reino Unido. A publicação destaca que o ministro da defesa, Luis Petri, tem conhecimento do downgrade, mas não o revelou ao público. A principal mudança seria no alcance do radar.
O jornal online, especializado em notícias do campo político, se vale de uma fonte oculta, que seria um militar de posto hierárquico elevado. O La Política procurou a Fuerza Aérea Argentina, que assegura que os jatos chegarão com plenas capacidades, incluindo no campo de guerra eletrônica.
Porém, a fonte oculta destaca que houve, sim, redução das capacidades dos jatos, feita pela empresa Terma Global, que está preparando os F-16 para a entrega. O militar destaca o fato de que a Dinamarca e o Reino Unido são parceiros da Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN).

Ufanismo
Na apresentação do primeiro F-16 argentino, em fevereiro, o clima foi de ufanismo. O Ministro da Defesa da Argentina, Luis Petri, fez fortes críticas aos governos anteriores. Segundo ele, não havia qualquer compromisso para a modernização das Forças Armadas, algo que teria se tornado possível apenas por meio do esforço do presidente Javier Milei.
Porém, as negociações para a compra dos F-16 dinamarqueses foi iniciada no governo anterior, com a autorização do governo dos EUA para a venda das aeronaves tendo ocorrido cerca de dois meses antes da posse de Milei.
Para conceder a autorização de venda, a Casa Branca considerou de interesse norte-americano permitir o reequipamento da Argentina com material militar de origem norte-americana.
A principal consequência foi o fim da possibilidade de a Argentina receber aeronaves com os caças sino-paquistaneses JF-17 Thunder. A venda também não foi encarada como uma mudança no balanço de forças na América do Sul.
A cerimônia de apresentação do F-16 contou ainda com homenagens aos mortos na Guerra das Malvinas, com o Ministro da Defesa citando nomes dos pilotos falecidos em combate. A fala veio logo após amplo discurso sobre a defesa da soberania, o poder de dissuasão e a Argentina ter o seu papel na diplomacia internacional.

Versão modernizada
Ainda para este ano está prevista a chegada de dois F-16AM e quatro F-16BM. A unidade apresentada em fevereiro será usada apenas para treinamento em solo. A compra total é de 24 aeronaves em condições de voo. São jatos usados pelo Reino da Dinarmarca, originalmente do Block 15. Porém, as aeronaves foram modernizadas e estão equipadas com radares APG-66(V)3 e mísseis AIM-120 C-8 AMRAAM, o que finalmente dará à Argentina a capacidade de atuação na arena de combate aéreo além do alcance visual (BVR).
Assinado pelas autoridades da Argentina em abril de 2024, o contrato se destacou pelo baixo custo: US$ 301 milhões. É menos de um terço do pacote de armamentos e equipamentos, além do fornecimento de suporte inicial para a operação das aeronaves, autorizado pelos Estados Unidos, tendo sido avaliado em US$ 941 milhões.
O pacote autorizado inclui 36 mísseis AIM-120C Advanced Medium-Range Air-to-Air Missile (AMRAAM), 102 bombas MK-82 de 227 kg e 50 kits para bombas laser GBU-12 Paveway II. Também poderão ser vendidos diversos equipamentos de apoio, como rádios, dispositivos de criptografia, chaff e flares, equipamentos de comunicação e até serviços de reabastecimento aéreo e transporte para as aeronaves.
Hoje, a Argentina não conta com aeronaves reabastecedoras compatíveis com os F-16, pois seus KC-130 Hercules utilizam o sistema probe and drogue, enquanto os F-16 são reabastecidos pelo padrão Flying Boom. Por este motivo, estão em negociações processos para aquisição de jatos KC-135 Stratotanker, além da contratação de empresas que prestam o serviço de reabastecimento em voo.

Britânicos alegam tranquilidade
Em 2024, o Ministério da Defesa do Reino Unido afirmou não encarar os caças F-16AM/BM da Argentina como motivo de preocupação para manter a soberania britânica das ilhas Malvinas, batizadas de Falklands pelos súditos do Rei Charles III.
Após a guerra de 1982, o principal investimento britânico na área foi a construção da Base Aérea de Mount Pleasant, operacional desde 1985. Em geral, o contingente estacionado ali inclui quatro caças Eurofighter Typhoon FGR4, um reabastecedor Voyager KC2 e um A400M Atlas, além de helicópteros para missões utilitárias e de busca e salvamento. Também há uma companhia de infantaria do Exército e, quase sempre, pelo menos um navio de patrulha da Royal Navy.
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