A Airbus, em cooperação com a IBM, está desenvolvendo para a Administração Espacial da DLR o “companheiro móvel interativo para a tripulação” CIMON (Crew Interactive MObile CompanioN), um assistente baseado em inteligência artificial (AI) para astronautas. O demonstrador da tecnologia, do tamanho de uma bola para exercícios e com aproximadamente cinco quilos, será testado na ISS por Alexander Gerst durante a missão Horizons da Agência Espacial Europeia, entre junho e outubro desse ano.
“Em suma, a CIMON será o primeiro sistema de assistência de missão e voo baseado em AI”, afirmou Manfred Jaumann, Diretor Cargas Úteis para Micro Gravidade da Airbus. “Somos a primeira empresa da Europa a transportar um passageiro não pagante, uma espécie de cérebro voador, até a ISS, e a desenvolver inteligência artificial para a tripulação a bordo da estação espacial”, completa o executivo. Também foi realizado um trabalho pioneiro na área de fabricação, prosseguiu Jaumann, com toda a estrutura de plástico e metal do CIMON sendo criada por meio de impressão em 3D.
O CIMON é projetado para dar suporte aos astronautas na realização de trabalhos de rotina como, por exemplo, a exibição de procedimentos ou – graças à sua rede “neural” AI e à sua capacidade de aprender – oferecendo soluções para problemas. Ele utiliza a tecnologia Watson AI da nuvem da IBM e, com seu rosto, voz e inteligência artificiais, se torna um verdadeiro “colega” a bordo. Com o CIMON, os membros da tripulação podem fazer mais do que apenas trabalhar com uma visão esquemática dos procedimentos e checklists prescritos, os astronautas também podem interagir com o seu assistente. Desta forma, o CIMON facilita o trabalho dos astronautas quando realizam suas tarefas de rotina diárias, ajuda a aumentar a eficiência, promove o sucesso da missão e melhora a segurança, uma vez que também pode atuar como um sistema de alerta precoce para problemas técnicos.
A Airbus examinou inicialmente o conceito de sistema de assistência como parte de um estudo autofinanciado. Em agosto de 2016, a Administração Espacial da DLR, com sede em Bona, na Alemanha, encarregou a realização do projeto aos especialistas aeroespaciais da Airbus. Desde então, uma equipe de projeto de 50 pessoas composta de membros da Airbus, DLR, IBM e da Ludwig-Maximilians-Universität Munich (LMU) vem trabalhando para garantir que o CIMON tome forma e ganhe vida: o sistema está aprendendo a se orientar e se mover, acumula conhecimento com a ajuda da tecnologia Watson AI e está treinando para reconhecer os seus parceiros humanos.
Entre outras coisas, o Watson AI foi treinado usando amostras de voz e fotos de Alexander Gerst, e foram carregados no banco de dados os procedimentos e plantas do módulo Columbus da Estação Espacial Internacional (ISS). Alexander Gerst também teve um papel na escolha do rosto de tela do CIMON e da voz do computador, para que ele também pudesse “ficar amigo” de seu colega eletrônico.
Assim que o teste funcional do sistema tenha sido concluído, Gerst trabalhará no espaço com o CIMON três vezes ao todo: eles farão um experimento com cristais, trabalharão juntos para resolver o cubo de Rubik e realizarão uma complexa experiência médica utilizando o CIMON como uma câmera voadora “inteligente”.
Em sua primeira missão espacial, o CIMON será equipado somente com uma gama limitada de capacidades. No médio prazo, os pesquisadores aeroespaciais também planejam usar o projeto CIMON para examinar os efeitos grupais que podem se desenvolver durante um longo tempo de permanência em equipes pequenas e que podem surgir durante missões de longa duração para a Lua ou Marte. A interação social entre pessoas e máquinas, entre astronautas e sistemas de assistência equipados com inteligência emocional, poderia desempenhar um papel importante no sucesso de missões de longa duração. Os desenvolvedores da Airbus estão convencidos de que, aqui na Terra, a evolução do sistema de assistência também poderia ter, no futuro, aplicação em hospitais e em assistência social.
O CIMON terá sua primeira “experiência espacial” já no mês que vem: a 31ª campanha de voo parabólico da DLR focará especialmente em testar e otimizar algoritmos de GNC (Orientação, Navegação e Controle) em condições de gravidade zero (zero G).