ARTE, CULTURA & LAZER

Das pranchetas para a eternidade

Toda a equipe da Revista ASAS está de luto pela precoce decolagem do ilustrador Wilson Cara, colaborador em diversas edições da Revista e verdadeiro amigo. O paulistano era um dos maiores talentos do Brasil na arte de transmitir para uma folha de papel toda a beleza da aviação.

Em 2019, a Revista ASAS publicou a história de dedicação do ilustrador. Tudo começou em 1959, quando a então criança de cinco anos de idade viu um quadrimotor Lockheed Constellation no Aeroporto de Congonhas. “Eu fiquei maravilhado com o tamanho, com o formato dele”, contou.

O artista se destacava pela dedicação. Antes de colocar a mão no lápis, levava até dois dias para analisar fotos dos mínimos detalhes. O resultado era reconhecido internacionalmente: quando militares da US Navy, lá nos Estados Unidos, quiseram uma ilustração profissional dos seus novos caças F-35, buscaram o brasileiro. Foi o mesmo com um piloto de U-2 que queria um quadro na sua sala de estar para lembrar dos velhos tempos de espionagem aérea.

Apesar do reconhecimento do público, Wilson Cara era modesto. “Não existe ilustração perfeita. Existe ilustração muito bem feita”, dizia. “É preciso ter sempre atenção e humildade para ouvir”, contava. Nas redes sociais, buscava críticas para tornar o trabalho ainda melhor.

O desenho de aeronaves foi a interseção de uma vida de apaixonado por aeronaves e uma carreira sólida na área de ilustração. Das mesmas mãos que desenharam em detalhes uma máquina de guerra como o B-17 Flying Fortress já saíram, por exemplo, o design de embalagens de produtos de higiene e beleza. O currículo também envolveu o design de caminhões. Seus trabalhos com maior circulação no mercado são os desenhos em corte, que mostram o interior de um automóvel, por exemplo. O começo foi como office-boy de agência de publicidade. “Aprendi olhando, copiando, levando puxão de orelha de artista famoso”, lembrava.

Foto: Redes Sociais

Wilson Carra ainda realizou o sonho de ser piloto. Chegou a acumular horas de voo em um Piper Navajo. Se os caminhos profissionais acabaram sendo diferentes, a paixão é a mesma de quando tinha cinco anos. “O avião era uma coisa mágica, continua sendo”.

Foto: Redes Sociais

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