Em 19 de outubro de 1901, o brasileiro Alberto Santos Dumont, com seu dirigível Número 6, decolou do Parque de Saint Cloude, em Paris, para realizar um feito histórico (e polêmico): em menos de 30 minutos, dar a volta na Torre Eiffel e voltar. A cena será repetida neste domingo (2 de julho), em uma cerimônia conduzida pela Força Aérea Brasileira, em Brasília (DF), na abertura do mês comemorativo dos 150 anos de nascimento do inventor brasileiro.
Um dirigível irá decolar da Praça dos Três poderes e irá contornar a Torre de TV, marco arquitetônico de Brasília localizado no Eixo Monumental, um percurso de pouco menos de 4 km. Também haverá sobrevoo de aviões de caça e da Esquadrilha da Fumaça, além da tradicional substituição da Bandeira Nacional de 286 metros quadrados localizada junto ao Panteão da Pátria, com salva de 21 tiros de canhão. Toda a solenidade será transmitida, ao vivo, pela TV Brasil.
Prêmio polêmico
O prêmio Deustch foi criado pelo industrial Henri Deutsch de La Meurthe como um reconhecimento ao primeiro aeronauta que decolasse do parque Saint Cloud, contornasse a Torre Eiffel e voltasse, tudo isso em menos de 30 minutos. Caberia a uma comissão científica do Aeroclube da França atestar a vitória. O vencedor levaria para casa 100 mil francos.
Quem conseguisse cumprir a tarefa demonstraria a capacidade plena de controlar objetos voadores. Como o parque ficava a 11 quilômetros da Torre, também seria necessário voar com uma velocidade média de cerca de 23 km/h, algo igualmente desafiador para a época.
Santos Dumont não conseguiu na primeira tentativa, em 1900. Tentou com seu dirigível Número 5, mas só conseguiu com o Número 6, ainda assim de forma polêmica. Isso porque o marquês Albert de Dion, responsável pelo controle do tempo, afirmou ter havido um atraso de 40 segundos. O próprio Henri Deutsch parabenizou o brasileiro, mas afirmou não ter sido cumprida a meta de 30 minutos.
Para o grande público, Santos Dumont era vencedor. A polêmica durou dias, e só em 4 de novembro o Roland Bonaparte, que presidia o Aeroclube da França, afirmou a decisão de conceder o prêmio. Teria havido uma votação, com placar de 13×4.
Com os cem mil francos, Santos Dumont repassou a metade para a sua equipe. Com a outra, pediu para pagar todas as dívidas de bens penhorados em Paris, ajudando a população mais pobre. O restante foi dado a quem estava em situação pior.
Sua admiração pelo grande público se tornou ainda maior. Porém, fazia questão de mostrar sua decepção com o Aeroclube de Paris, tendo dito em entrevista ter sido “maltratado”.