Nos últimos anos, equipes da American Airlines vêm trabalhando em conjunto com a Agência Federal de Aviação (Federal Aviation Administration – FAA) e engenheiros da NASA. As equipes utilizam como referência a Central de Controle da companhia localizada no Aeroporto Internacional Charlotte Douglas (CLT) para desenvolver o futuro não só do espaço aéreo, como também da administração das operações nas pistas e nos portões de embarque.
Na The Overlook, uma área pública de observação (CLT), entusiastas observam a decolagem e aterrissagem de aeronaves no 7º aeroporto mais movimentado do mundo, que ultrapassou 553.550 partidas e chegadas em 2017. O volume é considerado muita atividade para apenas quatro pistas, o que faz com que elas sejam o laboratório perfeito para o desenvolvimento da próxima geração de Controle de Tráfego Aéreo (Air Traffic Control – ATC), apelidado de NextGen.
Kenya Golden, Agente-Chefe da Central de Controle, vem participando dos testes de campo. Ela e seus colegas de equipe reportam suas experiências profissionais e fornecem feedback sobre suas atividades, ajudando a direcionar o desenvolvimento de ferramentas que futuramente serão usadas neste segmento.
“Nunca imaginei que um dia trabalharia com o pessoal da NASA. Nunca mesmo. Mas tem sido incrível. Eu comecei na pista e depois vim para a Central de Controle, então tive a oportunidade de ver as operações, bem como todas as diferentes variáveis a serem consideradas, de um ângulo diferente. Os engenheiros da NASA prestaram muita atenção em tudo que falamos e incorporaram nossas contribuições para criar um programa fantástico”, disse Kenya Golden.
Lorne Cass, vice-presidente do Centro de Operações Integradas da American, foi Diretor de Operações em Solo da Agência Federal de Aviação (FAA) antes de ingressar na American. Desde então, ele tem se dedicado a consolidar a posição da companhia aérea na liderança da modernização de operações em solo e no espaço aéreo. Parte dessa visão se reflete no programa Airspace Technology Demonstration 2 – ATD-2 (Demonstração de Tecnologia Aeroespacial), um programa com duração de cinco anos que visa otimizar chegadas e partidas, além de melhorar o andamento das operações em solo, com o intuito de aumentar sua segurança e eficiência. Esse programa é um elemento importante da visão NextGen da FAA para operações em solo.
Os sistemas atuais dependem de radares. O transponder da aeronave detecta os sinais recebidos e transmite um sinal de rádio codificado contendo as informações de voo. Esse sinal é utilizado para movimentar a aeronave de um setor a outro. Segundo Lorne, o rastreamento de aeronaves no solo do aeroporto é o buraco negro desse sistema. As aeronaves podem ficar muito tempo com os motores funcionando enquanto esperam por um portão disponível ou aguardam na fila para decolarem.
Pedaços de papel contendo o andamento dos voos são utilizados em solo na Central de Controle para documentar o status das aeronaves. Tiras em formato de cabana indicam que o avião está retido no portão. Um membro da equipe deve então passar essa informação para a pista, o agente de embarque e o piloto que está chegando. É um sistema antigo e que funciona, mas que poderia ser bem mais eficiente.
“Nos horários de pico, chegamos a ter 135 aviões em solo, o que não é muita coisa. Porém, é um verdadeiro desafio lidar com esse volume com o espaço de pista limitado que temos em Charlotte”, disse Dec Lee, vice-presidente do Hub de Operações da American em Charlotte.
“A FAA é muito eficiente na organização dos aviões no ar e na previsão do cronograma de aterrissagens”, disse Mike Bryant, diretor de Operações da Central de Controle em Charlotte. “O que falta é o mesmo tipo de panorama quando os aviões estão no solo – dos portões de embarque até às pistas”.
O novo sistema se baseia em tecnologias que fazem uso de GPS e satélites, incorporando dados e conhecimento operacional em tempo real a todos os sistemas, permitindo assim que seja possível a coordenação entre pista, torre de controle, terminal e Central de Controle. Essa informação oferece as ferramentas necessárias para que os controladores de tráfego aéreo tomem decisões mais acertadas a respeito de como reduzir o congestionamento tanto no ar quanto no solo. Todos que trabalham para fazer com que um avião vá do ponto A ao ponto B verão as mesmas informações ao mesmo tempo. O avião não mais precisará esperar por um portão aberto, pois a coordenação será feita antes que ele aterrisse. Os projetistas poderão inclusive usar os dados para criar cronogramas mais precisos, reduzindo assim o tempo gasto com manobra, rolagem e decolagem.
Com o novo sistema, o tempo gasto entre a saída de um avião do portão de embarque e sua decolagem será reduzido significativamente. Ao manter as aeronaves paradas nos portões de embarque ao invés de aguardando a decolagem na pista de rolamento com os motores ligados, os aviões consumirão menos combustível. Isso resulta em menos emissões de dióxido de carbono. A permanência no portão permite também um maior volume de conexões de passageiros e bagagens.
Paralelamente, avanços estão sendo feitos também nas próprias aeronaves. Em maio, a American anunciou que equipará toda sua frota de Airbus A321 com o SafeRoute® Automatic Dependent Surveillance-Broadcast – ADS-B (Transmissão Automática do Rastreamento Dependente). O ADS-B é uma tecnologia de rastreamento de última geração que usa dados de aeronaves que estão tanto no ar quanto no solo, além de repassar essas informações para a torre de controle. Esses dados fornecem uma imagem mais precisa da posição de uma aeronave de portão a portão. O ADS-B é um componente importantíssimo da NextGen, que garante a evolução da tecnologia do segmento de radares de solo e instrumentos de navegação para ferramentas de rastreamento de alta precisão que usam sinais de satélite. A frota de Airbus A330 da American já conta com a tecnologia ADS-B.
“Nossa principal meta é melhorar o fluxo de aeronaves por meio da captura de imagens instantânea de tudo o que está acontecendo no solo, podendo assim alocar melhor os aviões”, disse Lee. “Cerca de 80% dos nossos passageiros aqui em Charlotte são passageiros em trânsito, o que significa que não há tempo a perder para garantir seu embarque no próximo voo. Esse sistema nos dará as ferramentas necessárias para fazer com que esses passageiros em conexão cheguem ao seu destino, beneficiando tanto passageiros quanto nossos próprios funcionários”.