Anúncios de novos caças para a Ucrânia geram descrença

Menos de um mês após assinar uma “carta de intenções” para a compra de até 150 caças Gripen E da Suécia, o presidente ucraniano, Volodymyr Zelensky, anunciou a assinatura de outra “carta de intenções”, dessa vez para cem caças Rafale, da França. Os anúncios, porém, geram descrença sobre a sua real efetivação.

Oficialmente, a Ucrânia se prepara para ter umas das forças aéreas mais capazes da Europa, que além desses 250 caças terá novos sistemas de defesa antiaérea. Isso seria efetivado nos próximos dez anos, com um amplo cronograma de recebimento das aeronaves.

Porém, a Ucrânia é um país atualmente em guerra, sofrendo ataques aéreos diários das forças russas, sem ser possível assegurar qualquer plano de longo prazo. A própria permanência de Volodymyr Zelensky como chefe de estado ocorre por conta da legislação do país, que mantém a liderança em caso de conflito armado, por isso as eleições de 2024 foram canceladas. Ele já afirmou que irá renunciar tão logo haja o fim das hostilidades.

Enquanto isso, apesar dos anúncios de doações de aeronaves e o recebimento limitado de caças F-16 e Mirage 2000, a Ucrânia continua dependendo de material militar da era soviética e negocia diariamente o recebimento de novas aeronaves. Até o momento, foram transferidos apenas caças já em fim da vida útil, e longe de serem das versões mais modernas.

Os anúncios das cartas de intenção de compra para o futuro não trazem o compromisso formal para assinatura de um contrato, porém, dão visibilidade positiva para os fabricantes das aeronaves e ocorrem junto com negociações para transferência de outros tipos de armamentos ou mesmo de aeronaves mais antigas, como os Mirage 2000 franceses. Ainda que haja a formalização da venda, o tempo de espera para o recebimento é de dois a três anos, período em que o conflito contra a Rússia já poderá ter se findado.