AVIAÇÃO MILITAR & DEFESA

Áustria quer ter caças multifuncionais

A Áustria já opera caças Typhoon, mas quer a capacidade multifuncional, como neste Eurofighter da Royal Air Force. Foto: Pete Mobbs

Com quinze caças Eurofighter Typhoon na sua frota, a Österreichische Luftstreitkräfte, nome oficial da força aérea da Áustria, quer contar com aeronaves mais capazes para defesa aérea e com possibilidade de realizar missões ar-superfície e de reconhecimento. O Dassault Rafale F4 e a versão mais moderna do Eurofighter são apontados como favoritos para uma futura aquisição.

Os quinze Eurofighter Typhoon em uso no país são do Tranche 1, sendo limitados à missão de defesa aérea. Em 2023, o país decidiu adotar mísseis AIM-120 AMRAAM ou Meteor, para complementar os Iris-T, de curto alcance, que eram a única arma utilizada, além do canhão interno.

Até recentemente, o Eurofighter era basicamente uma dor de cabeça para a Áustria. As decepções começaram desde a assinatura do contrato, em 2003. Das 24 unidades anunciadas, firmou-se a compra de 18, por questões de cursos. Porém, em junho de 2007, um mês antes da chegada da primeira aeronave, o pacote já foi reduzido para quinze unidades.

Eurofighter Typhoon da Áustria Foto: Bundesheer/Zinner

O alto custo operacional cobrou seu preço. Em 2014, o orçamento de defesa do país ficou tão apertado que havia informações de que haveriam apenas doze pilotos qualificados para as quinze aeronaves. Em 2017, em meio às acusações de relações com lobistas, o governo decidiu que a venda dos caças com menos de dez anos de uso seria um bom negócio.

As poucas horas de voo voadas pelos Eurofighter austríacos poderiam torná-los atrativos para outras forças aéreas interessadas no negócio. A última das quinze unidades recebidas entrou em serviço somente em 2009.

Vale lembrar que a Força Aérea da Áustria tem pouca tradição na operação de aeronaves de caça. Em 1985 o país comprou caças suecos Saab J-35 Draken usados, mas não podia operar com mísseis ar-ar porque essa era uma proibição do Tratado de 1955 que deu independência ao país, que lutou do lado do Eixo na Segunda Guerra Mundial. A proibição de ter caças armados caiu somente em 1993.

Os J-35 foram aposentados em 2005. Nos dois anos seguintes, caças F-5E, também usados, dessa vez pela Suíça, operaram como uma solução tampão até a chegada dos Eurofighter Typhoon, cuja compra foi a primeira de caças a jato novos pelo país e até hoje o maior investimento dos austríacos em suas forças armadas.

Eurofighter Typhoon com míssil Storm Shadow. Foto: Philipp Hayer

Eurofighter é novo favorito

O consórcio europeu Eurofighter é favorito para a nova venda. Isso porque, a despeito dos problemas anteriores, a Áustria já tem conhecimentos sobre o caça Typhoon e, no ano passado, fez a compra do jato de treinamento avançado M-346FA Master, da Leonardo, uma das participantes do consórcio.

A modernização das aeronaves do Tranche 1 para o Tranche 4 é inviável, mas não pode ser descartado que a Áustria decida manter os mais antigos em voo para complementar a nova frota. Os jatos mais modernos são equipados com sistemas avançados, como radar AESA, e, além de serem multifuncionais, apresentam desempenho superior na arena ar-ar.

A versão mais moderna disponível do Rafale, o Rafale F4, é outro concorrente levado a sério. O Saab JAS-39 Gripen E e o Lockheed F-35 Lightning II, porém, são inicialmente apontados como inadequados por serem monomotores. 

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