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Eagle Claw: 40 anos do fracasso dos EUA no Irã

Caça F-14 com detalhe de pintura na asa criado para as aeronaves que seriam usadas na operação. Seria a chance dos F-14 da US Navy enfrentarem os F-14 do Irã

Amanhã completam-se 40 anos de um dos maiores fracassos militares da história dos Estados Unidos. Uma operação que deveria reunir forças especiais, caças F-14 Tomcat e F-4 Phantom, os porta aviões USS Nimitz e USS Coral Sea, helicópteros RH-53D Sea Stallion e até gunships AC-130 Spectre acabou de maneira vexatória. Nenhum dos 52 reféns que seriam resgatados da embaixada dos EUA em Teerã foi libertado. Na realidade, nenhuma aeronave americana sequer conseguiu chegar à capital iraniana. Até hoje, Operation Eagle Claw é sinônimo para uma série de erros.

Nos dias 24 e 25 de abril de 1980, o Pentágono levou adiante uma missão acompanhada de perto pelo então presidente, Jimmy Carter. Na primeira fase, tudo deu certo: aviões C-130, EC-130E e MC-130E invadiram o espaço aéreo iraniano à noite e pousaram em uma localidade no meio do deserto, onde desembarcaram mais de cem homens das forças especiais, suprimentos, equipamentos e mais de 22 mil litros de combustível de aviação.

Os problemas logo começaram: um caminhão civil foi avistado em uma estrada próxima e os Rangers atiraram foguetes. O passageiro acabou morto, mas o motorista conseguiu fugir. Em seguida, surgiu um ônibus com mais 44 civis, que logo foram detidos pelas forças invasoras.

Helicópteros Sea Stallion receberam pintura para o deserto, mas a maioria dos marinheiros pensava se tratar de uma missão de localização de minas navais

Mas não era nada que impedisse a missão. Do Oceano, oito RH-53D Sea Stallion decolaram do porta-aviões USS Nimitz em direção ao ponto de encontro. O plano era: na primeira noite, voar até o ponto de apoio, embarcar as forças especiais, e avançar para um segundo ponto, 420 km mais adiante, a apenas 84 km de distância de Teerã, onde chegariam próximo ao amanhecer.

Essa força deveria se manter oculta durante todo o dia para, na noite seguinte, fazer o assalto à Embaixada na capital iraniana. Gunships AC-130 Spectre, aviões de ataque A-6 Intruder e A-7 Corsair II, além de caças F-14 Tomcat e F-4 Phantom deveriam participar da fase seguinte. Ao fim da ação, cargueiros C-141 Starlifter pousariam na base iraniana de Manzariyeh para resgatar todos.

O problema ocorreu com os helicópteros. Ainda na rota inicial, um dos RH-53D apresentou problemas no motor. A aeronave foi abandonada e seus tripulantes passaram para outra da esquadrilha. Os sete helicópteros restantes acabaram encontrando um haboob, fenômeno meteorológico caracterizado como uma enorme nuvem de poeira. Mais um RH-53D abandonou à formação, voltando ao USS Nimitz. Um terceiro acabou pousando no local de encontro com problemas hidráulicos.

Ali, no meio do deserto, as forças especiais se viram diante de escolhas difíceis. De oito helicópteros, havia apenas cinco. Depois de duas horas, e com autorização presidencial, a operação Eagle Claw foi abortada. Mas não foi só isso: em solo, durante as operações de reabastecimento, um RH-53 acabou colidindo com um EC-130. Cinco dos 14 tripulantes do avião e cinco de oito tripulantes do RH-53 morreram na explosão.

Os iranianos encontraram os destroços de um RH-53 e outros cinco abandonados

A situação caótica ainda permitiu destruir documentos confidenciais, mas a solução foi que todos embarcassem nos aviões. Cinco RH-53 foram deixados no deserto iraniano. Dois deles até entraram posteriormente em serviço com a Marinha do Irã. Restou aos espiões da CIA em Teerã, sem saber se haviam sido desmascarados, também fugirem dali.

Anualmente, o fracasso norte-americano é comemorado no Irã. Para o Aiatolá Khomeini, “deus” interviu para a defesa do Irã. Do lado norte-americano, restou rever procedimentos, treinamentos e estruturas de comando das forças especiais. E para o presidente Jimmy Carter, o fracasso da Eagle Claw contribuiu para a sua derrota na eleição seguinte.

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Redação

Comentários

  • O fracasso da Operação Eagle Claw se deve a interferência política do Democrata Jimmy Carter, se fosse com o Reagan, a coisa tinha sido bem diferente do que foi.

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