Era 15 de agosto de 1945, fazia cinco dias que o Boeing B-29 Superfortress apelidado de Bockscar havia jogado a segunda bomba atômica sobre o Japão, na cidade de Nagasaki, o então Capitão da USAAF, a Força Aérea do Exército dos Estados Unidos decola com P-51 Mustang para mais uma missão de combate.
Acompanhado por seu ala, o First Lieutenant Phil Schlamberg, estava executando sua missão sobre um aeródromo japonês quando o Imperador Hirohito anunciou que o Japão finalmente aceitava a Declaração de Potsdam – a rendição incondicional aos aliados – colocando fim ao mais sangrento conflito da humanidade.
Yellin e Schlamberg que não ouviram os anúncios por rádio que a guerra havia acabado seguiram seu voo e após executar sua missão contra o aeródromo japonês eles utilizaram uma técnica conhecida dos pilotos e entraram em uma cobertura de nuvens para se proteger da artilharia antiaérea.
Quando o Capitão Yellin saiu das nuvens não encontrou mais seu ala.
O tenente Schlamberg havia desaparecido, provavelmente abatido, tornando-se a última morte em combate conhecida da Segunda Guerra Mundial. Seu corpo nunca foi recuperado.
Com pouco combustível Yellin iniciou sua jornada de quatro horas de voo de volta à sua base em Iwo Jima onde recebeu a notícia de que a guerra havia acabado.
A história de Jerry Yellin, um jovem de origem judaica que resolveu combater o antissemitismo nazista e passou no exame de vista da USAAF decorando o cartaz do exame por não enxergar bem, virou livro.
Escrito por Don Brown, The Last Fighter Pilot: The True Story of the Final Combat Mission of World War II, infelizmente sem edição em português, conta a história de heroísmo do Capitão Yellin.
Sua vida foi cheia de batalhas inclusive após o fim da guerra quando lutou pelos veteranos que sofriam de Transtorno de Stress Pós-Traumático.
Contudo sua maior batalha foi chegar a um acordo com seus inimigos quando soube que seu filho iria se casar com a filha de um piloto de caça japonês.
Sua relutância em voltar ao Japão após testemunhar toda a carnificina da guerra foi vencida e finalmente ele conheceu o piloto kamikaze Yamakawa. A despeito de terem sido inimigos durante a guerra Yellin e Yamakawa se tornaram amigos.
Yamakawa disse certa vez que qualquer homem corajoso o bastante para voar um P-51 Mustang em tão intenso combate é digno o suficiente para compartilhar o legado de sua família.
Após lutar contra um câncer de pulmão, o Capitão Yellin faleceu na casa de seu filho em Orlando, Florida, no último dia 21 de dezembro, aos 93 anos.
Sua maior mensagem para o mundo foi quando falando sobre seu encontro com Yamakawa disse: “eu fui pensando que um grupo de pessoas era meu inimigo para encontrar meu melhor amigo. É uma lição para lembrar que, no final do dia, somos todos humanos e temos muito amor para dar “.
História bacana. Rip.
Uau ! Fantastica historia desse veterano ! Obrigado por nos informar , Rafael !
Obrigado Carlos! É muito importante divulgarmos as histórias desses heróis da vida real. Só assim cultivaremos os bons valores para as próximas gerações. Grande abraço!
Jerry desfilou no Jeep conosco pela avenida costeira de Waikiki (Hawaii) em 07 de Dezembro de 2016, durante a Parada de 75 anos de Pearl Harbor. Também estivemos juntos no Jantar de Gala no Hangar do Pacific Museum, na Ilha Ford, Pearl Harbor, na noite anterior.
Simpatia a toda prova, sempre a disposição, foram dias magníficos em companhia de heróis.