O nome é estrangeiro, mas, sem nenhuma dúvida, esse homem fez a Bandeira do Brasil tremular mais altiva. Jospeh Kovács se despediu do mundo neste domingo, deixando um legado de inovação, inteligência e desenvolvimento nacional.
De suas mãos saíram desenhos do T-25 Universal e T-27 Tucano, usados até hoje no treinamento dos aviadores da Força Aérea Brasileira. Ao todo, foram quase 60 aviões e planadores projetados, incluindo os aviões acrobáticos K-51 e K-55. Outro projeto utilizado pela FAB foi o U-42 Regente. Mais recentemente, se dedicou ao T-Xc Sovi e o B-250, ambos da Novaer.
Jospeh Kovács se definia como “imigrante de aviação”. Isso porque tudo o que queria era pode trabalhar com sua paixão. Por sorte, foi aqui no Brasil.
Em 1948, o jovem de 23 anos havia concluído o curso de engenharia mecânica na Escola Técnica Superior do Reino Húngaro. Mas a opressão naquele país, que havia estado ao lado dos alemães na Segunda Guerra e naquele momento estava sob domínio soviético, era tão grande que Kovács sequer podia pilotar planadores.
Fugiu. Na Áustria, alistou-se na Legião Estrangeira Francesa, que serviria de passaporte para seu verdadeiro destino: em 14 de dezembro, desembarcou no Rio de Janeiro em pleno verão carioca. O nome Kovács József Gábor tinha que ser mudado por aqui: virou Jospeh Kovács. Para alguns, Zé Kovács.
Primeiro, trabalhou no Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT). Ainda na década de 50, mudou-se para São José dos Campos (SP), onde Casemiro Montenegro havia criado o CTA. Nas décadas seguintes, passou pela Neiva e pela Embraer. Também acumulou 4.500 horas de voo como piloto.
Sereno, fez seu último voo.
Assista a Jospeh Kovács falando sobre o desenvolvimento do Tucano