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Piloto de avião e helicóptero, Rei Charles terá desfile aéreo para sua coroação

Red Arrows Foto: Adrian Pingstone

A coroação do Rei Charles, em Londres, no próximo sábado, 6 de maio, também ficará marcada como um evento aeronáutico. O novo monarca do Reino Unido, que já pilotou helicópteros e jatos (e até sofreu um acidente…), será saudado por formações compostas por 60 aeronaves da Royal Air Force, Army Air Corps e Fleet Air Arm.

Estão programados sobrevoos desde as mais recentes aquisições até modelos históricos, com destaque também para a esquadrilha de demonstração Red Arrows, que fará uma homenagem especial ao Rei Charles e tem conseguido manter segredo para o público. O Britain Memorial Flight será representado por dois Supermarine Spitfire, um Avro Lancaster e um Douglas Dakota.

Da frota atual, são esperados os caças Eurofighter Typhoon FGR.4 e Lockheed Martin F-35B Lightning II, além de alguns outros modelos recentes, como os Airbus Voyager KC.2, Boeing Poseidon MRA.1, Boeing C-17 Globemaster III e Wildcat HMA.2. O desfile no chão contará com seis militares e equipamentos de diversos tipos da marinha e do exército.

As forças armadas também estarão mobilizadas para as ações de segurança. O espaço aéreo sobre Londres e grandes áreas da Inglaterra, incluindo parte do Mar do Norte, estará com regras restritivas ao longo de toda a tarde de sábado. As medidas não vão afetar os voos comerciais, porém pequenas aeronaves e drones poderão ser interceptados ou até destruídos caso não sigam as orientações.

Rei aviador

Seguindo os passos do seu pai, o Príncipe Philip, Charles começou sua vida de aviador em 1971, quando iniciou o treinamento em aviões Chipmunk ainda quando era estudante de Cambridge. Ele encontraria mais ação entre 1971 e 1977, quando foi militar da Royal Navy e tripulante operacional de helicópteros Wessex, inclusive tendo operado a bordo do porta-aviões HMS Hermes.

Quando a vida militar passou a ser resumida aos títulos honoríficos, Charles se concentrou em dominar aeronaves executivas, muitas vezes pilotando os próprios aviões envolvidos em suas missões reais. Até que naquele dia 29 de junho de 1994 envolveu-se em problemas quando estava a bordo de um BAe 146 durante uma viagem à Escócia.

A aeronave havia decolado do aeroporto de Aberdeen e se dirigia à Islay-Glenegedale, com sua limitada pista de 1.545 metros. Nos comandos, o Príncipe fez uma aproximação 60 km/h mais rápida e mais baixa que o recomendável, tocando a pista quando restavam apenas mais 509 metros de asfalto.

A aeronave tocou o solo com o trem de pouso dianteiro, explodindo o pneu. Em seguida, se arrastou para fora da pista, danificando o trem de pouso, o radar e o bico. O maior problema foi o vento com rajadas de até 37 km/h, registrando um vento de cauda de 22 km/h. Os freios também foram acionados tardiamente. Nenhuma das onze pessoas a bordo se feriu.

A imprensa, à época, se concentrou mais no prejuízo de um milhão de libras e no fato de que na mesma semana o então Príncipe de Gales assumiu ter traído sua esposa, Diana. A culpa do acidente não ficou para ele: navegador e piloto foram considerados negligentes, o primeiro por não ter, supostamente, alertado corretamente sobre as condições do vento, e o segundo por não ter assumido os controles em uma arremetida, e assim ter submetido o herdeiro do trono a um risco desnecessário.

Imagem: Channel 5

No papel de piloto, o Squadron Leader Graham Laurie assumiu toda a culpa pela ocorrência, chegando ao ponto de sustentar que disse ao Príncipe para fazer o pouso. Mesmo estando notadamente nos comandos na hora do impacto e sendo um piloto com habilitações regulares, a investigação tratou Charles como um passageiro convidado a interagir na cabine.

A realeza trata o caso como “incidente”, mas as autoridades de segurança aérea classificaram como acidente. Charles disse à TV que “não foi exatamente um acidente. Nós saímos da pista, infelizmente. Não é algo que eu recomende”. Ainda assim, em 19 de julho de 1994, ele decidiu nunca mais pilotar.

Daily Mail de 30 de junho de 1994

Tragédias e tradições

A família real tem uma relação dúbia com a aviação. Há histórias positivas e negativas, dentre essas últimas se destacando a morte de dois parentes da Rainha Elizabeth II.

O primeiro foi o Príncipe George, seu tio, falecido em 1942 quando estava a bordo de um hidroavião Short S.25 Sunderland que bateu em uma montanha na Escócia. O segundo foi o primo da rainha, Príncipe William de Gloucester, que se acidentou em 1972 com um Piper Cherokee durante um show aéreo.

Mas o próprio Charles, filho da Rainha, voltaria a voar em um cockpit de aeronave militar. Foi um helicóptero de combate Apache, em 2011. Ele foi conhecer a máquina com que seu filho Harry lutaria ao longo de quatro meses no Afeganistão. Harry também dominou modelos Lynx e Gazelle.

Rei Charles III e seu filho, Príncipe Harry, com um helicóptero Apache, em 2011. Foto: Richard Dawson

Guerra

Participar de uma guerra como piloto nem era novidade na família real. O Príncipe Andrew, irmão mais novo de Charles, voou helicópteros Sea King a partir do porta-aviões HMS Invicible durante a Guerra das Malvinas, em 1982. Ele voou missões de transporte, evacuação aeromédica, caça a submarinos e chamariz para mísseis Exocet – o príncipe foi testemunha ocular do bem-sucedido ataque argentino ao navio Atlantic Conveyor.

As Malvinas também teriam a visita de outro membro real. Em 2012, 30 anos após a guerra, o Príncipe William, atualmente o herdeiro imediato ao trono inglês, foi enviado ao arquipélago no Atlântico Sul para voar missões de busca e salvamento – uma missão que ele já havia desempenhado em solo britânico. O futuro rei também já havia sido aviador de modelos Lynx, inclusive tendo participado de uma apreensão de uma embarcação com mais de 800 kg de drogas.

Príncipes William e Harry são aviadores militares, com domínio de helicópteros da Royal Navy, Royal Army e Royal Air Force. Foto: Chris Jackson

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