ARTE, CULTURA & LAZER

Reunião com Prefeito de São José dos Campos cria nova perspectiva para o Museu Asas de Um Sonho

Supermarine Spitfire do acervo do Museu Asas de um Sonho

Desde o sábado, dia 12 de maio, a web foi invadida por uma notícia sobre um acordo que teria sido firmado para a transferência do Museu Asas de Um Sonho de São Carlos para São José dos Campos. O fato, divulgado primeiramente pelo Blog do Flemming, mostrava uma folha de caderno espiral onde se podia ler a minuta de um acordo, assinado por diversas personalidades, destacando-se o presidente do museu, João Amaro (irmão do idealizador do museu, o Cmdt. Rolim Adolfo Amaro); o Eng. Ozires Silva, e o prefeito de São José dos Campos, Felício Ramuth (PSDB). No próprio blog, porém, Ruy Flemming escreveu que não tinha confirmação do fato, apenas chegara ao seu conhecimento a foto da folha de caderno, que logo “viralizou” pela web.

Como é de seu princípio, ASAS buscou verificar da melhor forma possível o fato, antes de fazermos qualquer publicação, e nosso esforço resultou nesta matéria jornalística sobre o que ocorre de fato sobre o futuro deste importantíssimo museu brasileiro. Segundo nossa equipe apurou, um grupo reunido ao redor de João Amaro concluiu que fracassou a tentativa de trazer o museu para a própria cidade de São Paulo – algo aventado em relação ao “parque” criado em parte do Campo de Marte. Diante disso, iniciaram-se conversas que resultaram numa possibilidade de se estabelecer o museu em São José dos Campos, possivelmente num prédio totalmente novo, próximo de onde hoje se situa o Memorial Aeroespacial Brasileiro (MAB). A idéia passou a contar com o apoio do Comando da Aeronáutica, e por volta das 12h00 do último sábado, dia 12 de maio, houve uma reunião com o prefeito Felício Ramuth, na qual este empenhou o seu apoio à iniciativa. Segundo o Eng. Ozires Silva, participante da reunião, “a reunião foi muito boa e o prefeito prometeu apoiar (a proposta)”, mas ele destaca que “isto vai evoluir, não está decidido, não”. Abre-se, porém, uma importante nova perspectiva para o futuro do museu, apesar deste ainda assim permanecer incerto.

Fechado desde janeiro de 2016, o precioso acervo do museu permanece felizmente intacto, nas dependências deste, no atual Centro de Manutenção da Latam, em São Carlos. Porém, desde a consolidação da compra da TAM, a nova direção chilena transferiu para o Centro a maior parte dos serviços de MRO de todo o grupo, e assim vem explorando cada centímetro quadrado disponível. Neste sentido, a grande área ocupada pelo museu e seu acervo tem sido alvo de investidas cada vez mais fortes da direção chilena – de tal forma que os responsáveis pelo museu recorreram às esferas judiciais para proteger o acervo. Como se vê, é de fato ZERO o compromisso da Latam com a aviação brasileira…

Por outro lado, alguns políticos e empresários da própria cidade de São Carlos, cientes do valor de tal patrimônio histórico, vem buscando meios de manter na cidade o museu. O que de fato reforça a declaração do Eng. Ozires, de que não há nada, ainda, realmente “decidido”. Afinal, a distância entre São Carlos e São José dos Campos é de quase 300km, e o transporte do acervo seria em si, na verdade, um custo maior do que a própria construção de um prédio para o museu, lembrando-se que na coleção do museu estão algumas aeronaves de grande porte, como o ímpar Savoia-Marchetti SM.55 “Jahú”, um Lockheed L-049 Constellation, um Fokker F-27 e um F-100, e um Douglas DC-3, entre muitos outros. Quem arcaria com a conta astronômica desta transferência, é a grande pergunta a ser respondida…

A equipe de ASAS e toda a comunidade aeronáutica brasileira, porém, torcem para que se encontre, afinal, uma solução – e o sonho do grande Cmdt. Rolim Amaro continue vivo.

Sobre o autor

Claudio "Lontra" Lucchesi

Comentários

  • Excelente matéria, esclarecendo qualquer dúvida. Gostaria de fazer uma correção: João Amaro também foi o idealizador do museu e não somente o cmte Rolim.

  • Por que a. Aeronáutica e a comunidade do museu nunca especulou a possibilidade de transferir o acervo para o PAMA SP, já que se ouve tanto falar sobre a desativação do mesmo? Prédios antigos, bonitos, que necessitariam apenas de uma reforma pra receber o Museu. Ao lado da pista do Campo de Marte, para receber aeronaves em condições de voo, além do espaço para um parque para shows, eventos etc.

    • A Aeronáutica incentivou a idéia do museu em São Paulo, e o então comandante do IV Comar, Brigadeiro Damasceno, acolheu a primeira reunião do tema, à qual ASAS foi convidada e eu estive presente. Do apoio da Aeronáutica se viabilizou a oferta da área do Campo de Marte de que se fala hoje, em parque público – que, pela Aeronáutica, tinha de sediar um museu de aviação.
      Pelas diversas partes envolvidas, a idéia era de este ser uma nova instituição, um novo museu, com membros das diferentes coleções reunidas, e das entidades incentivadoras (como a própria Aeronáutica) compondo um Conselho e a Direção. Infelizmente, houve discordâncias neste ponto, pelo fato de se falar num compartilhamento do poder de direção.
      A inércia e real interesse do poder público representado pela Prefeitura de São Paulo, também tem “minado” o projeto, do meu ponto de vista. Embora nossos políticos, com o próprio João Dória Jr sendo perfeito representante disso, não abram mão de jatos executivos e Primeiras Classes, parece que sofrem de uma dificuldade incrível em ver, na MESMA aviação que os transporta, a sua relevância CULTURAL e de PATRIMÔNIO HISTÓRICO.
      Mas, vamos nos mover para que se renove tal mentalidade!
      Como? Não elegendo quem não valoriza aquilo que toda grande Nação tem por inestimável patrimônio – a sua Aviação e sua História.

      • No meu entendimento trata-se simplesmente de falta de cultura e senso de preservação do que tem reais valores culturais, aliado à vontade/necessidade de possuir “pudê” e narcisismo. Os irmãos Amaro nos presentearam com um maravilhoso museu em matéria de acervo que alguns energúmenos querem destruir.

  • Muito bom saber do descaso da Latam para com o nosso país, levarei sempre isso em conta quando for adquirir passagens desta empresa.

    • Creio sinceramente que a sua atitude é a MELHOR RESPOSTA.
      Possam outros, e muitos, agir como você.

  • Tive a oportunidade de visitar o Museu em suas duas fases (houve uma expansão após uma reforma que durou mais de um ano, por isso duas fases) e também visitar o Museu Aeroespacial (MUSAL – Campo dos Afonsos – RJ).

    Pudemos perceber de forma muito nítida a diferença entre a iniciativa privada e a pública, enquanto que naquele (TAM) era feito o que deveria ser feito, nesse (FAB) é feito “o que dá”.

    Em São Carlos encontramos aeronaves bem cuidadas e em ótimo estado de exibição, pudemos conferir o interior do Messerschimitt BF 109 e as perfurações de metradora que aquela aeronave carrega. Também entramos no C-115 Buffalo da FAB e no Fokker 100, visitas simplesmente incríveis.

    Já na FAB… o Jaguar, por exemplo, tinha teia de aranha, várias aeronaves com camadas espessas de poeira e mal posicionadas (não era possível um walkaround).

    Na época da visita ao RJ, constava no site da FAB que o MUSAL teria uma B-17 em reforma. Perguntamos para um funcionário civil se seria possível visitar o hangar onde estaria a B-17. Ele informou que a B-17 estaria “perdida” em algum lugar e que ninguém saberia informar o destino que ela teve. Pudemos visitar alguns hangares e ver outras aeronaves em reforma (uma delas era um P-47), mas nada de B-17.

    No meio da visita, descobrimos que o Boeing 737-200 que está estacionado ao relento foi responsável pelo transporte do corpo do falecido presidente Tancredo Neves, fato que por si só já tornava a aeronave única. Perguntamos se poderíamos visitar seu interior. Em tom de desabafo fomos informados que a chave da aeronave estaria na gaveta de um oficial de alta patente do MUSAL e que ele não permitiria esse tipo de visita.

    Sonho o dia que todas essas aeronaves estejam reunidas em um bom museu, cuidadas com a mesma excelência e carinho da época do Comandante Rolim.

  • O importante é que o Asas de Um Sonho seja transferido para algum lugar de fácil acesso ao grande público, o que tornaria a manutenção do museu e seu acervo sustentável. Tive a oportunidade de visitá-lo em São Carlos em apenas duas ocasiões, e em uma delas a convite da TAM (que levou jornalistas e convidados de avião, para sua reinauguração), e não o fiz mais vezes porque a distância entre a cidade e o Rio de Janeiro (cerca de 10 horas de carro!) tornava as visitas praticamente proibitivas. São José dos Campos seria o local ideal, pois além de já sediar o polo aeroespacial brasileiro, com o CTA e a EMBRAER, está próximo a São Paulo e no caminho desta para o Rio de Janeiro. Estar entre as duas maiores cidades brasileiras, por si só, já possibilitaria um aumento significativo no número de visitantes.

  • Não há lugar mais icónico que levar o acervo para a capital nacional da aviação.
    apoio sim, tem muitos galpoes de empresas que fecharam suas portas na cidade e estão vazios e sem uso, muitas destas empresas devem muito ao municipio, cabe a prefeitura desapropiar e oferecer incentivos para que o museu seja transferido.
    As aeronaves do Museu de Bebedouro e outras reliquias da aviação civil e militar do Brasil que estão espalhados devem ter o mesmo destino.
    transferidos e cuidados

  • Caro editor,
    Bastante oportuna e esclarecedora a matéria sobre a situação atual e possível transferencia do Museu Asas de um Sonho, de São Carlos. Estamos na torcida para que o mesmo reabra suas portas para que público volte a ter acesso a esse importante e valioso acervo da aviação mundial. Parabéns!
    Via Cultural Turismo
    Campinas / SP

  • Senhores,

    Como fazia parte da Programa de Fidelidade da TAM, recebi um questionário a respeito de minhas “impressões ” a respeito do Museu em questão! Por coicidência, havia passado na Rodovia que dá acesso ao Museu e comentei que havia muito pouca propaganda a respeito! Nenhum outdoor indicando que ele se encontrava nas proximidades; nenhum modelo de aviões famosos, como o Spitfire, ou ME-109, etc! Escrevi que a aviação era para mim,(Ex-aeromodelista) uma paixão que não se explicava com palavras, mas achava que um acervo como este deveria ser MUITO mais anunciado e festejado! Acredito que o saudoso Comandante Rolim já havia falecido, senão a história seria outra, muito diferente! Ele deve estr ao lado de Santos Dumon; Irmãos Wright, rindo da gente! Perdemos a Empresa para os os chilenos e eles não estão nem aí, para nós!

  • Esse Museu é fantástico. Torço muito para que seja reaberto, vamos lá, S. Carlos, S. José…. só não deixem acabar!!!!

  • Um dos episódios mais tristes para toda a aviação mundial foi o fechamento desse museu que não ficava a dever absolutamente NADA para qualquer outro da mesma categoria em qualquer lugar do planeta. Limpo, maravilhosamente cuidado, funcionários atenciosos, “tours” assistidas com o máximo de didatismo, cheio de preciosidades as quais não estão disponíveis em muitos lugares servidos por estabelecimentos consagrados… O museu da TAM era realmente a materialização de um sonho. E então um belo dia eu me lembrei do lugar onde vivo e de como são as coisas. Foi uma boa coisa a se fazer, pois foi assim que me lembrei de correr e ir visita-lo, antes que fechasse. Eu tinha absoluta certeza de que era isso que iria ocorrer. Afinal, isso aqui é Brasil. Assim eu fiz. Visitei. Tres meses depois, o museu foi fechado.

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