AVIAÇÃO MILITAR & DEFESA DOS ARQUIVOS DE ASAS

Tornado: o símbolo das mudanças necessárias após a Guerra Fria

Tornado italiano sobrevoa o Oriente Médio no início dos anos 90 Foto: Ministero della Difesa

Felizmente o mundo não entrou na Terceira Guerra Mundial nos anos 80. Porém, se essa tragédia humana tivesse ocorrido, o lado comunista da Europa teria uma ameaça séria: o Tornado, caça operado pelo Reino Unido, Alemanha e Itália. O jato de geometria variável foi criado para penetrar no leste europeu a poucos metros sobre a copa das árvores, em velocidade supersônica e com toneladas de armamentos, incluindo artefatos nucleares.

O mundo já era outro quando a Operação Desert Storm foi iniciada, há 30 anos, em janeiro de 1991. As forças aéreas, porém, ainda tinham o mesmo equipamento. E os Tornado do Reino Unido e da Itália, além da Arábia Saudita, que também adquiriu o caça europeu, precisaram enfrentar uma realidade operacional bem distinta daquela planejada. Ao invés das florestas sobre os países do Pacto da Varsóvia, os alvos estavam sobre o deserto iraquiano.

Tornado GR1s britânico sobre o Iraque. Foto: Ministry of Defence. Courtesy of Air Historical Branch (RAF)

Os resultados precisaram ser analisados com cuidado. Seis Tornado da Royal Air Force foram perdidos: um durante um ataque com munição antipista JP233, mais um quando empregava munição guiada a laser e quatro durante lançamentos com bombas convencionais. Um Tornado italiano também foi perdido no conflito.

Fontes russas e iraquianas alegam que um ou mesmo dois dos Tornardo britânicos foram destruídos por caças MiG-29 Fulcrum. Porém, não há indícios claros. Ainda durante a guerra a coalizão decidiu substituir os ataques rasantes por voos a média altura, e o Reino Unido enviou um destacamento de jatos Blackburn Buccaneer para atuarem como designadores de alvos para bombas inteligentes a serem lançadas pelos Tornado.

Os abates dos Tornado são apontados como o símbolo da necessidade de uma mudança de mentalidade militar após a Guerra Fria. Depois de anos prevendo um conflito contra soviéticos e seus países apoiadores, era necessário avaliar outros empregos operacionais. “A operação foi de grande importância na evolução da mentalidade, cultura e capacidades da RAF. Ele marcou uma mudança de um foco exclusivo da Guerra Fria para uma perspectiva global adaptável”, explica o Group Captain Andrew Hetterley, da Defence Academy do Reino Unido.

Outro desafio foi no campo do deslocamento. No lugar de operar a partir do próprio território, foi necessário levar esquadrões inteiros para um ambiente distante, com condições geográficas distintas e um clima diferente.

Nos anos seguintes, o Tornado participou com sucesso em missões no Iraque, Síria, Líbia, nos Balcãs e no Afeganistão. Aeronaves da Arábia Saudita também participam no conflito no Iêmen, com pelo menos um tendo sido abatido em 14 de fevereiro de 2020.

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