AVIAÇÃO MILITAR & DEFESA

10 países sem aviação de caça (7 deles são da OTAN)

De origem russa, os MiG-29 da Força Aérea da Polônia já atuaram na defesa aérea dos países do Báltico, uma missão realizada em rodízio pelos países da OTAN. Foto: Peter Gronemann

Aviões de caça atualmente são a face mais chamativa de forças armadas por todo o mundo. Sejam modelos mais avançados, como o F-35 Lightning II ou o Su-35 Flanker, ou mais baratos, como os F-5 Tiger II ou MiG-21 Fishbed, esses jatos constituem o meio mais rápido para que os países atuem em um campo de batalha, mesmo longe dos seus territórios.

Porém, por questões econômicas, políticas ou mesmo por alianças internacionais, alguns países simplesmente não possuem esse tipo de aeronave. Há casos óbvios, como o caso de Vaticano ou San Marino, nações tão pequenas que não teriam como ter uma força aérea. Outros, porém, podem surpreender.

Os Skyhawk foram os últimos caças operados pela Nova Zelândia, considerado parceiro estratégico dos Estados Unidos. Foto: D. Perez / United States Air Force

Conheça abaixo:

1. Nova Zelândia

A compra de 28 caças F-16 chegou a ser definida. Porém, em 2001 o governo decidiu extinguir sua aviação de caça, aposentando também a frota de A-4K Skyhawk então em uso. As aeronaves haviam passado nos anos 80 por um profundo processo de modernização, incluindo contramedidas, navegação inercial, glass cockpit e um radar APG-66. Os armamentos incluíam mísseis AIM-9L Sidewinder e AGM-65 Maverick, além de bombas guiadas a laser.

Vários pilotos conseguiram ir voar nas aeronaves de caça da Austrália e do Reino Unido. A Royal New Zealand Air Force, porém, continuou a se modernizar. Destaque para os oito helicópteros NH90, usados para missões utilitárias e de busca e salvamento. Os cinco C-130H já têm aposentadoria prevista por cinco C-130J. E quatro P-8A Poseidon também já foram encomendados para substituir os P-3 Orion nas missões de patrulha marítima. Até o treinamento é moderno, com aviões T-6 Texan II.

O entendimento da Nova Zelândia é que, em caso de conflito, o país estará ao lado de outros parceiros, como a Austrália e os Estados Unidos, o que foi assinado em 1951 com o Tratado Anzus (Australia, New Zealand, United States Security Treaty). E o país tem sua experiência militar. Forças neozelandesas atuaram na Primeira e Segunda Guerras Mundiais, Crise na Malásia (1949), Guerra da Coreia (1950-1953), crise Indonésia-Malásia (1963-1966), Guerra do Vietnan (1964-1972), Guerra do Afeganistão (2001-2019), Guerra do Iraque (2003) e várias missões sob mandato da ONU.

A Nova Zelândia pode não ter aviação de caças, mas teve ases, como Colin Gray, que voando pela Royal Air Force teve 27 vitórias aéreas confirmadas durante a Segunda Guerra Mundial

2. Paraguai

Com experiência em combates aéreos desde os anos 20, na Guerra do Chaco, a Fuerza Aérea Paraguaya nos anos 90 chegou a se preparar para receber doze caças F-5E/F de Taiwan, que faria a doação em busca de apoio diplomático. Porém, pressões políticas e dúvidas sobre a capacidade financeira de manter os jatos acabaram cancelando os planos. Em 2004, o Paraguai desativou seus últimos AT-26 Xavantes, operados desde os anos 70. O poder aéreo do país hoje se limita a meia dúzia da turboélices Tucano, usados tanto para treinamento quanto para ataque e na tentativa de coibir os voos ilegais realizados por criminosos na região.

Os Tucano são as principais aeronaves de combate do Paraguai na atualidade

3. Costa Rica

A Costa Rica não tem aviação de caça porque a Costa Rica não tem forças armadas desde 1949, quando o então presidente José Figueres Ferrer decidiu acabar com as forças militares após a guerra civil. Isso se tornou um artigo da constituição do país. Em 1º de dezembro, inclusive, é comemorado o “Dia da Abolição do Exército”. Ficaram forças de segurança interna, que operam helicópteros UH-1H e MD-600, além de aviões Harbin Y-12.

MD500 das forças de segurança da Costa Rica
Foto: Bernal Saborio

4. Islândia

País-membro da OTAN, com posição estratégica no Mar do Norte, a Islândia é palco de deslocamentos estratégicos de forças da aliança militar. Porém, o sistema de defesa aérea (Íslenska Loftvarnarkerfið) é apenas parte da guarda costeira do país. Há quatro sítios-radar com equipamentos Lockheed Martin AN/FPS-117 e um centro de controle. Além de navios, há apenas quatro aeronaves em uso: um cargueiro DHC-8, um helicóptero AS332L1 Super Puma e dois EC225 Super Pumas, estes últimos alugados.

A Islândia não tem aeronaves de caça, mas possui a estrutura necessária para receber caças de países amigos, como esse Eurofighter Typhoon da Itália. Foto: OTAN

5. Panamá

Os helicópteros de ataque AH-64 Apache e os aviões F-117 Nighthawk viram ação pela primeira vez no Panamá, em 1989, quando os Estados Unidos removeram Manuel Noriega no poder. Uma segunda consequência da ação militar foi que no mesmo ano o novo governo panamenho decidiu acabar com as forças militares. Não que fossem muito fortes: não havia uma aviação de caça, sendo a força aérea composta por aeronaves utilitárias e de transporte, além de helicópteros UH-1 e Super Puma, ambos equipados com metralhadoras laterais.  Hoje, o país conta com a Fuerza Pública de la República de Panamá, responsável pela segurança interna.

Dois A-7D Corsair II da Força Aérea dos Estados Unidos sobrevoam o Canal do Panamá, em exercício realizado em 1984, quando o ponto turístico ainda era controlado por Washington, o que vigorou até 31 de dezembro de 199. Foto: Capt. Ron Fuchs / USAF

6. Letônia, 7. Lituânia e 8. Estônia

Os três países foram incorporados pela União Soviética em 1940, sendo logo em seguida invadidos pela Alemanha Nazista. Após a chegada do Exército Vermelho, se mantiveram como Repúblicas Soviéticas até 1991. O processo de reconstrução dos países aconteceu com uma crescente aproximação com o Ocidente. Em 2004, entraram na União Europeia e para a OTAN. De lá para cá ainda não foi possível criar forças aéreas com caças, porém a presença de caças ali é constante. E de todos os tipos: F-15, Rafale, Gripen, Eurofighter, F-4, F-16… Praticamente tudo é visto nos céus do Báltico. Isso porque a defesa aérea é realizada desde 2004 em rodízio pelos países-membro. São usadas prioritariamente as bases de Šiauliai, na Lituânia, e Ämari, na Estônia.

F-16 da Força Aérea Portuguesa em ação na Lituânia.
Foto: Alexander Goltz e Força Aérea da Lituânia

9. Eslovênia

Independente desde 1991 e membro da OTAN a partir 2004, a Eslovênia enfrenta problemas econômicos para ampliar suas forças armadas. Mesmo assim, forças terrestres participaram de missões no Afeganistão, Bósnia, Kosovo, Macedônia, Sérvia, Mali, Líbano, Síria, Iraque e Letônia. O poder aéreo, contudo, é restrito a nove treinadores PC-9M, cerca de 15 helicópteros Bell 412 e Super Puma e aeronaves de transporte leve. Não há intenção de desenvolver uma aviação de caça: Itália e Grécia, parceiros da OTAN, realizam a defesa aérea da Eslovênia.

Pilatus PC-9 da Eslovênia.
Foto: Jazbar

10. Albânia

Desde a declaração do Império Otomano, em 1912, a Albânia manteve a sua independência, mesmo quando não passava de um Estado-satélite da União Soviética. Por isso a sua força aérea, fundada 92 anos atrás, tem tradição e experiência em combate. Em 2004, porém, os mais de cem jatos J-6 e J-7, versões chinesas do MiG-19 e MiG-21, estavam fora de serviço. No ano seguinte, foi decidido aposentar oficialmente toda a frota de caças. Nos anos seguintes, aeronaves de origem soviética e chinesa foram vendidas. Hoje, há menos de 20 helicópteros em serviço, todos fabricados na Itália, França e Alemanha. Após a entrada na OTAN, em 2009, a formação de unidades de defesa aérea continua fora dos planos: a Hungria e a Itália são responsáveis pela defesa aérea albanesa.

A Grécia tem a responsabilidade de proteger o espaço aéreo da Albânia. Para isso, utiliza caças como o F-16.
Foto: Força Aérea da Grécia

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