No mesmo ano em que a Embraer completa 50 anos, a empresa também passa por grandes transformações. Uma delas é a parceria estratégica com a Boeing na área de aviação comercial e também no que diz respeito à aeronave multimissão KC-390.
A novidade gerou dúvidas. Muitas pessoas pensam que a Embraer foi vendida e que vai mudar de nome. Em seu jornal oficial, o Journal of Wonder, a empresa mostra em 11 perguntas e respostas porque tem um enorme otimismo sobre o futuro. Confira!
1.A Embraer foi vendida para a Boeing? E vai mudar de nome?
Não! A Embraer não foi vendida, não passou por uma fusão e nem irá mudar de nome. A parceria com a Boeing se dará exclusivamente na área de aviação comercial, da qual a Embraer deterá 20% de participação, e na promoção e comercialização da aeronave multimissão KC-390, na qual a Embraer deterá 51% e a Boeing, 49%.
As áreas de aviação Executiva, Defesa & Segurança, Serviços & Suporte continuarão sendo totalmente controladas pela Embraer, que permanecerá operando como uma empresa independente e listada nas bolsas de valores de São Paulo e Nova York. A EmbraerX também se mantém da Embraer, criando modelos de negócios disruptivos para a mobilidade urbana e desenvolvendo sistemas complexos.
Após a aprovação da parceria de autoridades regulatórias em diferentes países, haverá uma nova empresa, criada entre a Embraer e a Boeing para atuar no segmento de aviação comercial, na qual a Embraer deterá 20% e a Boeing 80% de participação. Esta empresa, e apenas esta, se chamará Boeing Brasil-Commercial.
2. O que significa o termo “joint venture”?
O termo em inglês “joint venture” é usado quando duas empresas se juntam para se tornarem sócias em um terceiro empreendimento, mas ambas as originais continuam existindo e conduzindo normalmente seus negócios que estão fora do escopo do negócio. O acordo entre a Embraer e a Boeing é, portanto, uma joint venture e não uma aquisição, venda ou fusão.
Em sua história, a Embraer já realizou outras parcerias parecidas com essa?
Sim. E não foram poucas. A Visiona Tecnologia Espacial, empresa voltada para a integração de sistemas espaciais, é uma joint venture entre a Embraer e a Telebras, estatal brasileira estratégica para comunicações e defesa nacional. A EZ Air, companhia aérea de serviços regionais baseada na ilha de Bonaire, é outro exemplo de parceria e é formada entre a Embraer e Zodiac/Safra, um grupo internacional de tecnologia que opera em aviação, defesa e no mercado espacial. A OGMA, dedicada ao fornecimento de serviços de manutenção e fabricação de aeroestruturas, é mais uma empresa criada entre a Embraer e a Empordef, uma holding das indústrias de defesa portuguesas.
3. Por qual motivo ocorreu a parceria entre Embraer e Boeing?
Foi uma decisão estratégica. A parceria faz parte de um momento em que o mercado aeronáutico mundial apresenta cadeias de fornecedores cada vez mais consolidadas e centralizadas. As empresas precisam ganhar escala para transitar nesse novo cenário. Por isso, alianças estratégicas são essenciais para o futuro da indústria.
A criação de uma nova empresa de aviação comercial, em que a Embraer e a Boeing serão sócias, abrirá novos mercados para os aviões da companhia, vai gerar oportunidades para a engenharia brasileira atuar em mais projetos e acesso à cadeia global de fornecimento da Boeing para indústrias brasileiras fornecedoras da Embraer. Ou seja, ao aumentar vendas e receitas nessa nova empresa, a parceria atrairá investimentos, impulsionará o crescimento de novos empregos e promoverá o desenvolvimento tecnológico no Brasil.
Além disso, essa joint venture favorece a Embraer S.A. Os recursos da participação de 20% da Embraer na joint venture vão potencializar o desenvolvimento de mais iniciativas inovadoras nas áreas da aviação Executiva, Defesa & Segurança, Suportes & Serviços, futuro da mobilidade urbana, tecnologias disruptivas e responsabilidade social.
4. E o que significa a negociação em relação ao KC-390? Como será na prática?
A empresa brasileira vai continuar fabricando aviões militares, como o KC-390. A parceria em que a Embraer detém 51% e a Boeing os 49% restantes da participação do KC-390 deve ser entendida como uma facilitadora de vendas, não uma detenção de sua produção. A fabricação dessa aeronave continuará sendo em Gavião Peixoto (SP) e a Embraer permanecerá sua única fornecedora para a FAB (Força Aérea Brasileira) e para a Força Aérea de Portugal. Essa parceria possibilitará a venda da aeronave a novos mercados internacionais, até então muito restritos.
5. O que acontecerá com a engenharia de alto nível da Embraer depois do acordo com a Boeing?
Um dos grandes motivos de sucesso da Embraer são seus profissionais de engenharia. Durante seus 50 anos, a Embraer tem como tradição o investimento em um corpo técnico conhecido por sua excelência. Depois da parceria com a Boeing, não será diferente. A Embraer manterá seus talentos de engenharia, continuando a ser responsável por projetar, certificar, construir e sustentar aeronaves, além de desenvolver tecnologias necessárias.
6. Quais aeronaves a Embraer continuará fabricando? Onde?
Todos os jatos da área de aviação Executiva, as aeronaves de Defesa & Segurança e Agrícola. A fabricação das linhas do Legacy e Praetor será na fábrica de Gavião Peixoto, interior de São Paulo, uma das bases da Embraer no Brasil. Os outros jatos executivos, como os Phenom, continuarão a ser fabricados na unidade de Melbourne, na Flórida, inaugurada há 11 anos. Ainda em Gavião Peixoto, serão produzidas as aeronaves de Defesa A-29 Super Tucano, KC-390 e o futuro Gripen E/F. A aeronave agrícola Ipanema continuará sendo fabricada na unidade Embraer de Botucatu, no interior de São Paulo.
7. A Embraer só fabrica aviões?
Talvez você ainda não saiba, mas a Embraer não se resume a fabricar aviões. A empresa brasileira cria sistemas de vigilância, controle, proteção e defesa; integra sistemas espaciais; auxilia no monitoramento de fronteiras e na proteção de estruturas estratégicas; fornece serviços de manutenção e fabricação de aeroestruturas e sistemas para navios.
Na parte de inovação, a EmbraerX e a área de Serviços & Suporte se destacam. A primeira posiciona a Embraer na vanguarda tecnológica mundial, mobilizando esforços na criação de modelos de negócios disruptivos para o futuro da mobilidade urbana e no desenvolvimento de sistemas complexos. O “carro voador”, por exemplo, é uma de suas criações.
A unidade de Serviços & Suporte oferece soluções preditivas e manutenção de alto nível para os aviões dos clientes da Embraer, demonstrando seu comprometimento irrestrito com eles. Em 2012 e 2013, a pesquisa sobre suporte de serviços da Aviation International News (AIN), maior empresa de mídia de aviação, classificou a área de Suporte & Serviços da Embraer como uma das melhores do mercado de aviação executiva.
9. É verdade que a Embraer está desenvolvendo um carro voador?
Sim, não é só uma invenção de Os Jetsons. Popularmente chamado de “carro voador”, o eVTOL é um dos principais projetos da EmbraerX, unidade de negócio comprometida a desenvolver soluções que transformem a vida das pessoas. Com uma equipe multidisciplinar, a empresa se destaca nas áreas de inovação, tecnologia e mobilidade urbana, propondo soluções que beneficiem a sociedade.
Idealizado em parceria com a Uber, o eVTOL (veículo elétrico de decolagem e pouso vertical, na sigla em inglês) será uma solução para as questões de sustentabilidade e mobilidade. O “carro voador”, portanto, vai revolucionar o deslocamento urbano nas grandes cidades.
O Beacon também é outra solução da EmbraerX. Trata-se de uma plataforma digital que será utilizada para conectar serviços aeronáuticos de maneira ágil e eficiente, fornecendo, assim, manutenção não programada para as aeronaves e antecipando as necessidades dos clientes.
10. Por que a Embraer não deve ser vista apenas como uma fabricante de aviões, mas também como uma empresa de desenvolvimento de tecnologias complexas?
Apesar da Embraer ter começado como uma fabricante de aviões, o crescimento de sua capacidade de integração de sistemas tecnológicos complexos possibilitou a oferta de outros produtos e soluções tão relevantes quanto a produção de aeronaves.
As tecnologias desenvolvidas pela área de Defesa & Segurança da Embraer estão presentes no espaço, no ar, na terra, no mar e no ambiente cibernético, realizando atividades de inteligência, integração, monitoramento, vigilância, proteção, controle aéreo, comunicação e desenvolvimento de softwares críticos.
Entre elas, existe o sistema de monitoramento e controle de tráfego aéreo chamado de SAGITARIO. O Brasil, inclusive, é um dos únicos países com tecnologia própria para esse tipo de atividade. Além disso, a partir de uma outra inteligência, a Embraer lançou um satélite que levará internet banda larga para todo o território brasileiro.
11. O que esperar da Embraer nos próximos 50 anos?
Desde sua fundação, em 1969, a empresa superou descrenças e obstáculos, sempre encontrando formas de renascer e de se reinventar. Assim, conquistou espaço de respeito e excelência no mercado aeroespacial e hoje é uma das grandes líderes mundiais no setor. Ao completar seu 50º aniversário, a empresa se fortalece com mais uma parceria estratégica de sucesso. Sempre orgulhosa de sua história, segue obstinada e otimista rumo a um horizonte promissor, movida a desafios e guiada por sonhos.