Um “corredor” com meros 8 km de largura, um espaço pequeno quando se fala em caças supersônicos. Foi nessa faixa estreita de espaço aéreo internacional que dois caças F-18 Super Hornet da US Navy voaram nesta terça-feira, 9 de novembro, bem perto da área de soberania venezuelana. O uso de aviões detectáveis ao radar, mesmo os EUA possuindo jatos stealth na área, e até a disponibilidade dessa rota em aplicativos de monitoramento de voos, caso do Flightradar24, evidenciam um tipo de provocação pública que ilustra o cenário de ampliações de tensões no ar.

O cenário da missão foi o Golfo da Venezuela, parte do Mar do Caribe encravado na região de fronteira entre o país de Nicolas Maduro e a Colômbia. Ainda que alguns países interpretem que a totalidade do território é de soberania venezuelana, outros, como os Estados Unidos, alegam que ali são mantidas as mesmas regras para delimitação de águas territoriais. Ainda assim, é uma faixa estreita: a “entrada” do Golfo tem meros 52 km de largura, sendo que a Venezuela tem soberania internacionalmente reconhecida sobre pouco mais de 22 km de cada lado. Na interpretação mais ampla da legislação internacional, sobra apenas um estreito corredor de 8 km de águas e de espaço aéreo internacional. Foi por aí que os F-18 passaram.
Seguindo a interpretação mais estrita da lei internacional, os F-18 da US Navy não violaram a soberania do espaço aéreo venezuelano, tendo um nível de proximidade que se assemelha ao que ocorre de maneira recorrente entre Rússia e Estados Unidos ou países europeus, ou ainda entre China e Taiwan ou Japão. Porém, há o histórico da US Navy de dubiedades de interpretações e de confirmações de localizações levar ao início de conflitos, como foi o caso dos incidentes no Golfo de Sidra, em 1981 e 1989, e, mais notadamente, em 1964, o incidente no Golfo de Tonquim levou ao início da Guerra do Vietnã, ainda que documentos diplomáticos vazados em 2005 mostrarem que a presença de embarcações norte-vietnamitas a área nunca havia sido realmente confirmada.
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