AVIAÇÃO COMERCIAL & PRIVADA

Corona Vírus “contamina” aviação e perdas podem chegar a US$ 113 bi

O surto da COVID-19 mexeu com a rotina do setor aéreos. A Associação Internacional de Transportes Aéreos (IATA) elevou a projeção de impacto nas receitas das companhias aéreas: será entre US$ 63 bi e US$ 113 bilhões só em 2020.

A primeira “vítima fatal” já foi registrada. A Flybe, a maior empresa britânica de aviação doméstica, entrou com pedido de falência nesta quinta-feira, dia 5 de março. É a primeira companhia aérea a falir como resultado indireto do novo coronavirus.

A empresa já passava por dificuldades desde janeiro, sem contar com intervenção financeira do governo britânico. Veio a ruir de vez com o surto do coronavirus. A Flybe empregava 2,4 mil pessoas e transportava cerca de 8 milhões de passageiros por ano por meio de 81 aeroportos e 68 aeronaves.

O clima é de pessimismo. Em fevereiro, a projeção de perdas de receita era de “apenas” US$ 29,3 bilhões e levava em conta um cenário menos catastrófico, ou seja, com o surto se restringindo à China e a mercados ligados àquele país. Agora fala-se em danos para empresas de todo o mundo, inclusive no Brasil.

Por aqui, a Azul Linhas Aéreas e a GOL Linhas Aéreas vivem dias conturbados na Bolsa de Valores de São Paulo. Desde janeiro, as ações da Gol caíram 40%, enquanto as da Azul sofreram queda de 35%.

Para se ter uma ideia, no início do ano as ações da Azul variavam entre R$58,00 e R$62,00. Nesta quinta-feira, fecharam o pregão em R$38,25. Vale ressaltar que o iBovespa, índice da Bolsa de Valores de São Paulo, tem sofrido baixas generalizadas devido ao COVID-19.

Outras companhias aéreas começaram a tomar medidas para não sofrerem demasiado com o impacto do surto.

A Virgin Altantic, que estrearia no Brasil em 29 de março a sua rota Londres-Guarulhos, resolveu adiar seus planos. A companhia aérea anunciou nesta quinta-feira que irá estrear por aqui apenas em 5 de outubro.

Os olhos estão agora voltados para outras companhias com saúde financeira fragilizada. É o caso da Alitalia. A empresa entrou com pedido de concordata em 2017 e, de lá para cá, frequenta os noticiários italianos com certa frequência. O governo não consegue encontrar um comprador que queira levar a companhia. Há investigação em andamento em cima dos ex-gestores, que estão sob acusação de falência fraudulenta ao fraudar os orçamentos da empresa. O governo, que já cedeu à Alitalia mais de 2 bilhões de Euros desde 2017, decidiu ceder mais 400 milhões no final de fevereiro deste ano, algo aprovado pelo parlamento italiano, porém, em investigação pela União Europeia. Por fim, para reduzir custos, a Alitalia já cancelou rotas tidas como não rentáveis e devolveu três aviões – dois Airbus A330 e o único Boeing 777-300ER da frota.

Não bastasse toda a epopeia financeira da italiana, eis que surgiu o novo coronavirus. E, para piorar, a Itália tornou-se o segundo maior foco da doença depois da China. A Alitalia primeiro insistiu nas rotas para o norte do país, oferecendo isenção de taxa de alteração para viajantes, mas agora é obrigada a cancelar voos.

E fica a questão: sairá a Alitalia ilesa desta crise financeira, agora agravada com uma crise virulenta causada pelo COVID-19? É uma pergunta que não para de ecoar no setor.

Só nos resta acompanhar toda a história para saber que fim ela tomará. E quem, sabe, lembrar dos riscos financeiros da aviação. Richard Branson, fundador do grupo Virgin, disse um dia que “se você quer ser milionário, então comece como bilionário e abra uma companhia aérea”. Nada mais amargo e fácil de compreender nos tempos turbulentos causados pelo novo coronavírus, que força a aviação mundial a constantes descendentes.

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