AVIAÇÃO MILITAR & DEFESA DOS ARQUIVOS DE ASAS

Sheffield: há 40 anos, a Argentina fez o Reino Unido tremer

Há exatos 40 anos, na manhã de 4 de maio de 1982, os hermanos assustaram a poderosa Royal Navy. Dois dias após perder seu cruzador ARA General Belgrano, a Armada Argentina daria uma resposta em tom elevado aos britânicos: o destróier HMS Sheffield teve o seu futuro selado na Guerra das Malvinas. Foi um marco para o conflito e para a guerra aeronaval.

O principal temor dos britânicos era a presença de submarinos argentinos. Não por acaso, próprio HMS Sheffield navegava com constantes mudanças de curso. A confiança para enfrentar a aviação argentina, contudo, era mais elevada: naquela manhã, o destróier atuava como “piquete-radar”, exatamente para contrapor às ameaças aéreas. Estava praticamente só, a até 48 km da frota.

O HMS Sheffield antes da guerra

A confiança era justificada. O navio tinha apenas sete anos de uso e já havia recebido melhorias tecnológicas. O radar Type 909 combinado com os mísseis Seadart formava um sistema de armas respeitável frente aos caças argentinos e às aeronaves de patrulha marítima.

Mas naquela manhã a guerra aeronaval ganharia um novo ator famoso. Dois Super Étendards da Armada Argentina comandados pelo Capitán de Fragata Augusto Bedacarratz e pelo Teniente Armando Mayora decolaram às 9h45 da Base Aérea de Río Grande com um míssil AM39 Exocet sob a asa, cada um deles.

Pouco mais de uma hora antes, um patrulheiro S-2 Neptune havia localizado o Sheffield. E o alvo era ideal para eles: com modelos semelhantes na sua frota, os argentinos sabiam bem como um destróier da classe Type 42 aparecia no radar. E os pilotos de Super Étendard também haviam praticado contra eles.

O Neptune continuou em cena e, às 10h50, confirmou o alvo. Catorze minutos depois, os jatos de ataque subiram a 160 metros sobre a ondas e usaram seus próprios radares. Cada um lançou um AM39, e em seguida voltou para o perfil de voo a poucos metros do nível do mar. Eles estavam a cerca de 40 km do alvo. Eram 11h04.

O Sheffield após o ataque

O Sheffield não reagiu. Um dos pontos é que estava com dificuldades técnicas: o sistema IFF estava com funcionamento irregular e o sistema de comunicação por satélite apresentou falhas. Isso impediu receber o aviso do HMS Glasgow, que deixou sua tripulação de prontidão na antiaérea. Já no Sheffield, a noção do ataque só foi tomada quando tripulantes viram um Exocet em aproximação.

Voando sob a linha da água, os mísseis chegaram incólumes. Um deles, porém, caiu a cerca de 900 metros do navio. Já o segundo atingiu o casco no lado estibordo, deixando um buraco de aproximadamente 3 x 1,2 metros, pouco acima da linha da água.

O incêndio a bordo foi combatido até com o uso de baldes. Houve o resgate de 26 feridos e dos corpos de 21 tripulantes mortos no ataque. Helicópteros se revezavam no resgate de pessoal enquanto havia o temor de um novo ataque aéreo. A ordem para abandonar o navio foi dada quatro horas após.

Super Étendard argentino

Abandonado, o navio seria rebocado até a Geórgia do Sul. Mas, no dia 10, o acúmulo de água acabou causando o afundamento do HMS Sheffield. Foi o primeiro navio inglês perdido em combate desde a Segunda Guerra Mundial.

Do lado argentino, o ataque foi uma injeção de ânimo. Além de responder ao afundamento do Belgrano, a missão bem-sucedida mostrou aos britânicos que a retomada das ilhas teria um custo.

Outro aspecto a ser destacado foi a integração entre as forças armadas. Conduzido pela Armada, o ataque teve a participação da Força Aérea, seja com um reabastecedor KC-130, seja com jatos IAI Dagger e Learjet 35 para confundir as defesas aéreas inimigas.

O Exocet se tornaria um ícone da Guerra das Malvinas. Alguns anos depois, seria pivô de outro fato histórico. E essa história você confere abaixo, no Documento Asas:

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Redação

Comentário

  • É demasiado o título com o adjetivo “tremer”; no conflito armado, certamente, todos tremem, seja de frio, de ansiedade e de medo da morte; sejamos francos e no q é incontestável: o governo – junta militar – argentino não esperava a reação da Inglaterra em moldes como vieram; 2 NAE e 2 subs de propulsão nuclear, além das outras embarcações, tropas de assalto, heli’s, e especialmente os harrier’s que sim, estes sim, causaram terror e não tremor nos céus das ilhas. Sinceramente, a armada argentina, seus pilotos, agiram como heróis e com habilidades decorrentes de treinamento e improvisação, além de bem conhecerem a área de combate; mas, tremer, tremer mesmo, creio eu, respeitosamente ao autor do texto, foi quando não imaginavam um bombardeio de vulcan’s vindo de tão longe na operação Black Buck. Opinião de leitor, apenas; mas observo um exagero no título, pq na hora “H” todos tremem, e, acho, se borram tb.

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