AVIAÇÃO MILITAR & DEFESA

MiG-21 operou na Índia 30 anos além do inicialmente planejado

Foto: Ministério da Defesa da Índia

A extensão da vida útil de aeronaves de combate tem sido praticamente uma regra mundial. Sejam os F-5 da Força Aérea Brasileira, os F-15 dos Estados Unidos ou os F-4 Phantom II da Turquia, são muitos exemplos de quando os jatos permanecem em serviço além do esperado. A Índia, porém, se tornou um exemplo de quão longe pode ir essa decisão. Neste mês, a frota de MiG-21 foi retirada de operação cerca de 30 anos após o inicialmente planejado.

Boa parte desses 62 anos ocorreu em um contexto de atrasos no plano de substituição dos MiG-21 por um caça produzido nacionalmente. O HAL Tejas entrou em serviço, em sua versão inicial, só em 2015 e o novo modelo, Tejas KC-1A, agora está em fase de produção. Isso justificou a Índia permanecer com seus MiG-21 na ativa, tendo realizado um processo de modernização e consecutivas prorrogações da vida útil.

Foto: Ministério da Defesa da Índia

Entre 1963 e 1980, a Índia recebeu um total de 874 caças MiG-21, sendo o maior operador estrangeiro do caça desenvolvido na União Soviética. Além de ter elevado a capacidade de combate do país, dando início à era supersônica, o modelo também representou um avanço para a indústria local. Um total de 657 unidades foram produzidas localmente pela Hindustan Aeronautics Limited (HAL).

Em meados dos anos 90, quando as uniades mais modernas já estavam com cerca de 15 anos, houve a decisão de prorrogar a vida útil de 125 unidades para até 2017. Assinado em 1996, o contrato previa a modernização para o padrão que ficou conhecido como MiG-21 Bison, o que de fato foi realizado com 94 unidades.

As aeronaves receberam displays multifuncionais, um novo radar Phazotron Kopyo, sistemas de navegação inercial, nova suíte de contramedidas e capacidade de operar armamentos mais modernos, como os mísseis ar-ar R-27, R-77 e R-73, o que ocorreu junto com a entrada em serviço dos novos Su-30MKI Flanker.  

Foto: Ministério da Defesa da Índia

Apesar do amplo conhecimento operacional do caça e do domínio industrial, a Índia sofreu com acidentes. Cerca de 500 unidades se envolveram em acidentes, dando ao jato uma imagem pública negativa. O mais recente ocorreu em 8 de maio de 2023. Porém, ao mesmo tempo, o Ministério da Defesa da Índia via o vetor como fundamental no equilíbrio de forças da região.

A Índia operou os jatos nas guerras e conflitos contra o Paquistão em 1971, 1999, 2019 e 2025, tanto na função de ataque à superfície quanto para combate aéreo. De acordo com os indianos, seus MiG-21 abateram, ao longo de 60 anos, dois F-6 (MiG-19), quatro F-104 Starfighter, um F-86, um C-130, um Atlantique e, supostamente, um F-16, este último durante o conflito de 2019, utilizando um míssil R-73. O Paquistão nunca confirmou a perda.

Foto: Ministério da Defesa da Índia

Os MiG-21 indianos se mantiveram na linha de frente da defesa do país até o dia da cerimônia de despedida. Ao final, havia apenas 36 unidades em serviço. Um deles, o “Número 23”, era conhecido como “Os Supersônicos”, precisamente por ter sido o primeiro a voar os MiG-21 na Índia, nos anos 60. 

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Humberto Leite

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