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Órgão europeu pode adiar operação da Boeing Brasil Commercial

Por Claudio Lucchesi

Nesta virada de ano, a Embraer concedeu férias coletivas gerais, de cerca de um mês, tempo durante o qual foi feita a separação total, sistêmica, entre toda a área dedicada à Aviação Comercial (que será a Boeing Brasil Commercial) e o restante da empresa. Foram introduzidos novos sistemas, que irão operar futuramente, na nova empresa. Assim, desde 1º de janeiro, a sede da Embraer deixou as instalações junto ao Aeroporto de São José dos Campos, onde a empresa foi criada, e passou para a unidade da empresa em Eugênio de Melo, distrito de São José dos Campos. Ali já estão trabalhando cerca de 4.000 funcionários. Na antiga sede, ficaram os funcionários ligados à Aviação Comercial, que irá constituir a nova empresa, Boeing Brasil Commercial.

Entretanto, por enquanto, tudo continua funcionando como Embraer, pois não houve ainda a aprovação do negócio celebrado entre a empresa brasileira e a norte-americana pelas autoridades mundiais necessárias. Como ambas as empresas possuem hoje operações globais, o contrato precisa ter o aval de 12 países, incluindo o Brasil, e no momento, 11 já aprovaram (incluindo a China e o brasileiro CADE – Conselho Administrativo de Defesa Econômica). Falta, porém, a União Européia (UE). E é aí que as coisas se complicam…

Até há pouco, tinha-se a informação de que o órgão regulador da UE iria se pronunciar em abril – e se desse sua aprovação (o que era a expectativa), a Boeing Brasil Commercial poderia então iniciar suas atividades no segundo trimestre deste ano. Talvez diante dessa expectativa de início das atividades da nova empresa, em 20 de janeiro último, num evento em Dublin (Irlanda), o presidente-executivo da divisão de aviação comercial da Embraer, John Slattery (e futuro CEO da Boeing Brasil Commercial), anunciou que a nova empresa já tinha definido o seu próximo programa comercial – o desenvolvimento de um novo e moderno avião turboélice comercial, na categoria de 70 lugares (ou até mais). Tal aeronave já estaria, inclusive em fase adiantada de projeto, e seria a segunda linha de produtos da Boeing Brasil Commercial, a primeira sendo os jatos E2 (“herdados” da Embraer, já em produção). Hoje, o mercado de turboélices comerciais, muito usados por companhias regionais, é amplamente dominado pela ATR, consórcio europeu pertencente à Airbus e ao grupo italiano Leonardo.

Coincidência ou não, poucos dias depois deste anúncio, a UE declarou que estava fazendo uma paralisação da análise do acordo Boeing-Embraer, a qual deverá ser retomada em maio. Fique claro que, enquanto anão houver a aprovação da UE, a Boeing Brasil Commercial não pode iniciar as suas atividades, sob risco de sofrer bloqueios em todo o mercado europeu. E, outro ponto a se observar é que o meio do ano representa as “férias de verão” na Europa, época em que muitas empresas e autoridades públicas praticamente paralisam as suas atividades.

Assim, se a “retomada da análise” ocorrer em maio, mas não houver decisão favorável até o final de junho, pode ocorrer do assunto ser postergado para o final de agosto, ou mesmo início de setembro.

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