AVIAÇÃO MILITAR & DEFESA

FAB completa 90 mil argumentos contra jatos LIFT

Foto: Tenente Renato / Força Aérea Brasileira

Para dominar um avião de caça de alto desempenho é necessário, antes, treinar com um modelo de jato leve, do tipo classificado pela sigla inglesa LIFT (Lead-in fighter training)? Na década passada, a Força Aérea Brasileira experimentou uma resposta diferente da usual. A experiência completou 90 mil horas em 2020 e a Força Aérea Brasileira parece decidida a manter a posição.

Aconteceu em 2004. Responsável por formar os futuros pilotos de caça, o Esquadrão Joker, sediado em Natal (RN), recebeu aeronaves A-29 Super Tucano para substituir os jatos AT-26 Xavante. Desde 2005, quase 400 pilotos da FAB, Marinha e de forças aéreas se formaram pilotos de caça em uma aeronave turboélice.

Foto: Capitão Ranyer

À época, a FAB entendeu que a tecnologia a bordo do Super Tucano o se aproximava mais de um caça de tecnologia avançada do que o Xavante, um jato de treinamento rápido e com bom desempenho em voo, mas com uma cabine completamente ultrapassada. Foi uma mudança significativa no processo de instrução e doutrina da aviação de caça brasileira.

Atualmente, os pilotos formados pela Academia da Força Aérea selecionados para a aviação de caça passam um ano no Esquadrão Joker, onde são instruídos nas missões específicas para essa área. Depois, seguem para as unidades de Campo Grande ou Boa Vista ou Porto Velho, onde continuam a desenvolver suas aptidões no Super Tucano. Após o período na fronteira, os selecionados seguem direto para os esquadrões de F-5 modernizado e A-1.

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Parece não haver perspectivas de mudanças de planos. Em seu comunicado sobre os 90 mil horas de voo do Super Tucano no Esquadrão Joker, foi citado que a mesma evolução operacional deve ser mantida com a adoção do F-39 Gripen. Segundo a FAB, o Super Tucano desenvolve as competências necessárias para atuar em complexos cenários e em modernas aeronaves de combate.

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Além disso, o A-29 Super Tucano possui um diferencial no processo de ensino-aprendizagem da instrução aérea. Por meio de diversas estações de debrifim, os instrutores e alunos podem extrair rapidamente os dados armazenados pelo sistema de gravação de áudio e vídeo da aeronave, o que facilita a assimilação dos conhecimentos passados pelos instrutores.

“No contexto da instrução aérea, o A-29 representou um salto na excelência da formação operacional dos pilotos de Caça, em virtude de seus avançados sistemas de navegação e emprego de armamento. Com a possibilidade de rever todo o voo em estações de debrifim e realizar análise apurada de dados, o estagiário pode perceber mais rapidamente suas dificuldades e aprimorar para o voo seguinte, incrementando sua curva de aprendizagem”, afirmou o Comandante do Esquadrão, Tenente-Coronel Aviador José de Almeida Pimentel Neto, que realizou sua formação na Aviação de Caça na época do AT-26 Xavante e hoje, como instrutor, analisa a diferença.

Foto: Capitão Ranyer

90 mil horas

Uma aeronave Super Tucano recebeu um adesivo comemorativo das 90 mil horas no Esquadrão Joker. A arte do adesivo foi concebida para reconhecer os principais símbolos que identificam a rotina da unidade aérea. O fundo vermelho com as margens verde e amarelas são as cores predominantes no seu Distintivo de Organização Militar, uma alusão ao sangue derramado nos céus da Itália pelos pioneiros da Aviação de Caça Brasileira, durante a Segunda Guerra Mundial. O avestruz reproduz a imagem do instrutor transmitindo os ensinamentos ao aluno, na figura do pinguim, representando a principal missão da Unidade Aérea. As esquadrilhas de voo são simbolizadas pelos naipes de jogos de cartas e há, por fim, a inscrição relativa à marca de 90 mil horas de voo na aeronave.

Em virtude das restrições impostas pela COVID-19, as comemorações foram canceladas. Elas deveriam ter acontecido em maio, quando as 90 mil horas de voo foram atingidas. Já o trabalho de adesivagem ficou para o fim do ano, de forma a não tirar da linha de voo uma aeronave necessária para o Curso de Especialização Operacional na Aviação de Caça (CEO-CA) de 2020.

Foto: Tenente Renato

Ainda assim, o Joker comemora. “As marcas atingidas por uma Unidade Aérea, em qualquer aviação, representam todo esforço sinérgico dos seus integrantes em busca do cumprimento da sua missão fim, manutenção operacional e do aperfeiçoamento da sua doutrina ao longo dos anos”, ressaltou o Comandante do Esquadrão Joker, Tenente-Coronel Pimentel. Segundo ele, as dificuldades que se apresentaram ao longo do ano fortaleceram ainda mais o significado desse momento. “Tivemos que ter a responsabilidade de focar na missão do Esquadrão Joker e dar continuidade à formação dos pilotos de Caça. Hoje, além das 90 mil horas de voo no A-29, coroamos um ano muito intenso, para todos os alunos e instrutores”, completou.

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