AVIAÇÃO MILITAR & DEFESA DOS ARQUIVOS DE ASAS

Quando oito F-4 atacaram 36 aeronaves inimigas….

F-4E da Força Aérea do Irã Foto: Shahram Sharifi

Há quase 40 anos, mais precisamente em 4 de abril de 1981, oito caças F-4 Phantom II apareceram de surpresa no Oeste do Iraque e deixaram um saldo de 36 aeronaves atingidas em solo. Mas não eram caças pilotados por norte-americanos ou israelenses: o ataque à Base H3 foi planejado e executado pela Força Aérea do Irã, que havia recebido 225 desses aviões fabricados pela McDonnel Douglas antes da Revolução Islâmica de 1979.

O ataque a H3 deixou poucas dúvidas sobre o nível operacional dos caças de fabricação norte-americana mesmo após o rompimento das relações com o Ocidente. A maior surpresa é que o alvo estava localizado a mais de 1.000 km da fronteira com o Irã.

O contexto foi a Guerra Irã-Iraque. Por conta da distância e do fato de estar distante da linha frente, a Base de H3 era avaliada pelos iraquianos como fora do alcance dos seus inimigos. Por isso, as forças de Saddam Hussein decidiram tornar H3 o local ideal para receber suprimentos e armamentos enviados pelo Egito, além de servir como aeródromo para treinamentos de novas aeronaves.

À época, havia a confirmação de recebimento de novos caças Mirage F-1, comprados da França. A inteligência iraniana também acreditava que na Base de H3 poderiam ser encontrados bombardeiros soviéticos Tupolev Tu-22, capazes de realizar ataques em profundidade no Irã.

Os coronéis iranianos Ghasem Golchin, Bahram Hooshyar e Fereydoun Izadseta foram os responsáveis por elaborar o plano de ataque. Cruzar o centro do território iraquiano estava fora de cogitação: seria necessário enfrentar todas as defesas antiaéreas da área mais protegida do Iraque, incluindo reabastecimento em voo próximo a Bagdá.

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Era preciso adotar uma nova rota: os caças F-4 Phantom voariam um total de 3.500 km, contornando o território inimigo ao norte. Enquanto isso, três caças F-5E e dois F-14A, também recebidos pelo Irã durante o período de alinhamento com os Estados Unidos, invadiriam o espaço aéreo no leste do Iraque com o único objetivo de chamar a atenção das defesas.

Antes disso, a operação começou com o envio de um Boeing 707 e de um 747 para a Síria, aliada do Irã. Ambos iriam executar os reabastecimentos em voo. Os dois jatos de grande porte voaram adotando padrões de voo para simular tráfegos de aeronaves comerciais. Na manhã do ataque, ambos fizeram uma rota supostamente comercial para em seguida, em total silêncio-rádio, passarem a voar a baixa altura sobre o deserto para fugir dos radares do Iraque. Há fontes iranianas que reportam um nível de voo de apenas 300 pés sobre as areias do deserto, cerca de 100 metros, de forma a fugir da detecção dos radares iraquianos. E, segundo as fontes iranianas, nessa altura, fora de qualquer padrão adotado, cada um dos oito F-4 Phantom II teria realizado quatro reabastecimentos em voo.

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Os oito F-4 (sendo seis F-4E e dois F-4D) decolaram às 10h30 da base aérea de Hamedan. Fizeram o primeiro reabastecimento em voo sobre o Lago Úrmia, ainda no Irã. De lá voaram até a latitude limite do Iraque e voaram sobre a montanhosa fronteira com a Turquia. Fontes iraquianas dizem que a formação inimiga chegou a ser detectada, porém foi erroneamente identificada como caças turcos protegendo seu lado da fronteira. Um segundo Boeing 747 iraniano permaneceu no espaço aéreo sírio para atuar como um posto de controle no ar.

O Irã utilizada o 707 e o 747 para reabastecimento aéreo

Os oito F-4 teriam então se dividido em dois grupos. Os três aeródromos do complexo de H3 foram bombardeadas, começando com bombas clusters sobre hangares e pistas. Sem qualquer resposta iraquiana, os F-4 puderam dar meia-volta e fazer passagens com disparos de canhão.

Os iraquianos negaram ter sido alvo de um ataque brutal. Segundo eles, apenas um MiG-21 foi atingido em solo, sem perda total. Os hangares estariam vazios. Nem os bombardeiros Tu-22 nem os caças F-1 estariam no complexo H-3. Os primeiros estariam na base aérea de Tammuz, enquanto os segundos teriam sido transferidos para uma base aérea exclusiva ao norte de Bagdá.

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Os iranianos, por outro lado, alegam ter destruído completamente 25 aeronaves: um bombardeiro Tupolev Tu-16, quatro helicópteros de pequeno porte, três cargueiros Antonov An-12 e 19 caças, sendo quatro MiG-21, cinco Su-22, oito MiG-23 e dois Mirage F-1. Mais onze aeronaves teriam sido danificadas ao ponto de não poderem mais voar. De fato, os Tu-22, principal razão do ataque, não foram avistados.

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Para os pilotos do ataques, não havia opção de ser atingido. Em caso de serem pegues por fogo inimigo, a única opção para os iranianos seria pousar na Síria. Ejetar sobre território iraquiano era a certeza da prisão, longe das linhas amigas. Porém, nenhum F-4 sequer foi alvejado. As forças do Iraque não conseguiram ter tempo nem para ativar as defesas antiaéreas, nem para acionar caças de outras bases.

Em 1994, a missão foi retratada no filme iraniano حمله به اچ۳ (Em português, “Ataque a H-3”) .

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