Não interessam os dados sobre a segurança do jato Fokker 100: no Brasil, desde o acidente ocorrido em 1996 e outras ocorrências com a frota da TAM, o nome “Fokker 100” se tornou sinônimo de medo de avião. Para tentar fugir dessa questão psicológica dos clientes, a Avianca (inicialment OceanAir), que chegou a operar catorze Fokker 100 entre 2006 e 2015, chamava os jatos de Mk 28. Isso fazia algum sentido porque o nome técnico das aeronaves era F.28 Mk 0100. Satisfeitos, clientes com pavor do Fokker voavam tranquilamente nos “Mk 28”.
Agora, mais de uma década depois, a Boeing poderá adotar uma tática de comunicação semelhante para seus 737 Max. O avião tem uma história irremediavelmente manchada: já são mais de 10 meses proibido de voar após dois acidentes matarem 346 pessoas, com críticas severas à gestão da Boeing e até às autoridades aeronáuticas dos Estados Unidos. A questão é que um dia, após a necessária revisão do projeto, o 737 Max deverá recuperar as autorizações necessárias para operar. Recuperar a confiança dos passageiros, no entanto, pode significar mudar de nome.
Em entrevista ao canal de negócio Bloomberg, o empresário Steven Udvar-Hazy sugeriu que a Boeing precisará mudar o nome do 737 Max. “Acho que a palavra Max deve constar nos livros de história como um nome ruim para uma aeronave”, disse, em entrevista ao canal.
Assim como feito pela já extinga OceanAir, o segredo deve ser se apegar aos nomes técnicos: o nome “Max” ão faz parte da documentação oficial da Boeing entregue aos regulares aeronáuticos. Haverá, portanto, a possibilidade de chamar as aeronaves simplesmente, por exemplo, de 737-8 ou 737-10.
Steven Udvar-Hazy é um dos maiores interessados na recuperação da nova versão do 737. Ele é presidente da Air Lease, empresa que adquire aeronaves para arrendá-las para companhias aéreas. A Air Lease comprou 200 destes aviões da Boeing.
Ainda no ano passado, Donald Trump havia publicado em seu Twitter que, se fosse ele, mudaria o nome dos jatos. O CEO da Boeing, Dennis Muilenburg, que mantia um discurso otimista, respondeu que não haveria necessidade. Afundado na crise, Muilenburg perdeu o cargo em dezembro. A chefia da comunicação da Boeing também foi trocada.