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Há 50 anos, uma história de heroísmo em São Paulo

Hoje, 24 de fevereiro, é o Dia do Piloto de Helicóptero Brasileiro. A data celebra o heroísmo de doze aviadores que participaram do dramático resgate das vítimas do incêndio do edifício Andraus, ocorrido no centro da cidade de São Paulo (SP), em 24 de fevereiro de 1972. Cerca de 700 pessoas sobreviveram graças ao trabalho daqueles pilotos. Foi o primeiro resgate do tipo realizado não apenas no Brasil, mas no mundo.

O edifício de 115 metros de altura está localizado na Avenida São João, centro de São Paulo. Com 32 andares, abrigava à época escritórios de companhias de destaque, como Petrobras e Shell, além de os quatro primeiros pisos ocupados pelas Casas Pirani, loja de departamento popular na período. A tragédia, iniciada depois das 16 horas, foi também amplamente divulgada pelas emissoras de TV.

Apesar do vento de cerca de 30km/h, pouco a pouco pilotos se voluntariaram para a missão. Eram civis e militares que trabalhavam tanto para empresas quanto para órgãos públicos. A Polícia Militar não contava ainda com seu braço aéreo à época.

Aeronaves F-28, Hughes 300, Bell 206, Bell 204 e Hiller FH-1100 passaram a pousar no teto do Andraus para resgatar aqueles que, devido ao fogo, não conseguiam descer até o térreo. Além do vento, havia outros obstáculos: o heliponto do prédio estava interditado por conta das numerosas antenas na área, a laje superior estava instável, havia muita fumaça e as pessoas, em pânico, poderiam não embarcar com a velocidade ou o cuidado necessários.

O primeiro a pousar foi o Comandante Olendino Francisco de Souza, que na época voava um Bell 204 à serviço do Governo do Estado de São Paulo (foto acima). Depois dele, um a um os doze pilotos fizeram vários resgates no topo do Andraus. Destaque para a coragem de Cláudio Finatti, à época com menos de 400 horas de voo. Apesar do seu Enstron F-28 ter pouco espaço, fez nada menos que onze pousos, salvando 21 vidas.

Ao todo, foram realizados cerca de 150 pousos, o que permitiu resgatar 700 das 1.200 pessoas que estavam no edifício Andraus. As aeronaves levaram os sobreviventes para o Campo de Marte ou ainda diretamente para a Praça Princesa Isabel, de onde ambulâncias partiam para os hospitais.

Entre as homenagens nacionais e internacionais àqueles pilotos, ficou o marco da data de 24 de fevereiro como o Dia Dia do Piloto de Helicóptero Brasileiro.

Assista abaixo imagens do dia:

Dois anos depois, uma nova tragédia

As dificuldades encontradas no caso do incêndio do edifício Andraus não foram suficientes para mudar algo. Foi necessária uma tragédia maior ainda, em 1º de fevereiro de 1974, para que muitas mudanças fossem implementadas.

O incêndio no Edifício Joelma, também no centro de São Paulo, apresentou dificuldades muito maiores que as do Andraus para o resgate através de helicópteros. A laje do Joelma é extremamente estreita, incapaz de suportar o peso de um helicóptero, possuía um teto com telas de amianto e, para piorar, não possuía uma heliponto.

O único helicóptero que conseguiu efetivamente fazer resgates foi um UH-1H da Força Aérea Brasileira que, para retirar as pessoas de cima do Joelma, ficava pairado sobre o edifício. Era o único modelo disponível com potência suficiente para fazer essa operação naquelas condições de calor.

Os pilotos civis, na impossibilidade de conseguirem ajudar na retirada das vítimas do topo do Edifício Joelma, operavam do heliponto da Câmara Municipal e dali conduziam as vítimas resgatadas. De cerca de 756 pessoas que estavam no edifício, 191 morreram e mais de 300 ficaram feridas.

Na construção civil, ambos os incêndios contribuíram para mudanças no Código de Obras de São Paulo. Uma dessas mudanças foi a construção de helipontos elevados em edifícios, o que se tornou uma realidade na cidade. Inclusive, algumas construções que não tinham helipontos passaram por obras para ter um – e o Hospital das Clínicas é o maior exemplo.

Todas as fotos foram publicadas na imprensa na época

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Redação

Comentários

  • No Andraus, que vi pessoalmente, o primeiro helicóptero a salvar pessoas no teto do edifício, foi um Bell da Pirelli, cujo escritório era na Av. Rudge.

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