AVIAÇÃO COMERCIAL & PRIVADA

Como ficará a aviação comercial da Rússia sem Boeing e Airbus?

Jato russo MC-21. Foto: Serguei Mámontov - Sputnik

Das 1.300 aeronaves civis em uso na Rússia logo antes da guerra na Ucrânia, 824 eram modelos Airbus e Boeing. Agora, com as sanções contra o país, toda essa frota deixou de servir às linhas aéreas russas. A pergunta agora é: como o maior país do mundo em extensão territorial irá manter sua aviação comercial em voo?

Algo semelhante aconteceu no Irã após a Revolução Islâmica de 1979, quando o país também esteve sob pesadas sanções americanas. No entanto, Teerã conseguiu salvar uma parte de sua frota aérea civil e a utiliza até hoje.

“Temos muitos centros de serviço certificados pela Boeing e Airbus, eles podem garantir a manutenção das aeronaves sem intermediários de fora. O principal problema são as peças de reposição. Neste momento, as companhias aéreas e os centros de serviços procuram formas de adquirir essas peças por meio de países terceiros, como a Índia ou a Turquia. Se conseguirmos as peças de reposição, poderemos continuar usando aviões estrangeiros na Rússia”, explica o especialista em segurança de voos Aleksêi Vlassov.

Desse ponto de vista, a Rússia está em uma posição mais privilegiada, porque tem grande experiência na produção de aviões militares e civis próprios desde a era soviética. No entanto, hoje em dia, o país não possui tantas aeronaves fabricadas na Rússia. De acordo com as previsões mais otimistas, o país precisará de pelo menos 1 a 3 anos para iniciar a produção de aviões em grande escala.

Moscou tentará sair da situação iniciando urgentemente a produção de suas próprias aeronaves. A situação com aeronaves de curto e médio alcance na Rússia não é crítica. “Os voos regionais, com teto de até 3.000 quilômetros, serão realizados por aviões russos Sukhoi Superjet-100. Podemos produzir cerca de 30 aviões deste tipo por ano. Mas há uma nuance importante: eles são equipados com motores e eletrônicos franceses”, diz Vlassov.

MC-21 – Foto: UAC

A Rússia ainda não conta com motores próprios para aeronaves civis de curto e médio alcance e levará tempo para criar um. “Um novo motor PD-8 está sendo desenvolvido, mas ainda não foi testado. A indústria precisa de pelo menos três anos para realizar os testes e lançar a produção em massa”, diz. Segundo Vlassov, os primeiros aviões MS-21 de médio alcance (de até 6.000 quilômetros) começarão a ser produzidos até o final de 2022. De acordo com as estimativas do chefe da corporação UAC, Iúri Sluzar, a Rússia pretende construir inicialmente 36 aviões MS-21 ao ano e aumentar esse número para 72 aviões por ano até 2025.

Também há a possibilidade de voltar a fabricar aeronaves soviéticas de médio alcance Tu-204 e Tu-214. Esses aviões são equipados com motores PS-90A, que ainda estão sendo produzidos no país. No entanto, segundo Vlassov, a retomada da produção exigiria mais tempo e esforços do que organizar a substituição de importação de peças e unidades para MS-21 e SSJ-100. Há dúvidas sobre o novo Il-96-400 de longo alcance, porque a empresa poderia fabricar apenas 2 a 4 aviões do tipo por ano. Desse modo, o custo de produção seria muito alto e é pouco provável que seja economicamente viável no futuro próximo.

Não se pode descartar, ainda, que a Rússia venha a se tornar um dos principais clientes da China, que também trabalha para aumentar a sua participação no mercado de aviação comercial, mais notadamente com modelos da COMAC.

(Com informações do Russian Beyond)

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