AVIAÇÃO MILITAR & DEFESA

Com orçamento limitado, FAB negocia para manter seus projetos de reequipamento

O orçamento que o Governo Federal repassa à Força Aérea Brasileira não tem sido suficiente para realizar todos os seus planos de reequipamento. Por conta disso, o Comando da Aeronáutica tem feito escolhas, buscado oportunidades de mercado e cancelado planos já assinados. Foi o que ficou claro durante encontro realizado pelo nesta semana com os principais órgãos de imprensa. A Revista Asas esteve no evento.

A situação fica clara nos dois projetos mais chamativos da Força Aérea Brasileira: o F-39 Gripen e o KC-390. “A curva de desembolso deles ficou muito coincidente”, afirmou o Comandante da Aeronáutica, Tenente-Brigadeiro Carlos de Almeida Baptista Júnior. Ambos os contratos anteriormente precisaram ser replanejados.

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No caso do Gripen, foi decidido que os oito F-39F biplaces, uma versão até agora desenvolvida a partir de um pedido do Brasil e com encomendas apenas para a Força Aérea Brasileira, não serão mais fabricados em solo nacional. “Nós vamos fazer isso ficar mais barato fabricando lá fora”, disse o Comandante. Por aqui sairão apenas os modelos monoplace, para um ocupante.

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A ampliação da encomenda inicial de 36 para 40 unidades foi dada como certa pelo militar, ainda que ainda em tratativas. Porém, o anunciado segundo lote de 26 caças adicionais, por enquanto, segue em negociação. O que está certo é a prorrogação do prazo: se o contrato original previa 36 caças entregues até 2024, o prazo agora é 2027, sendo que 21 unidades estão previstas para 2026 e 2027. Até 2025 serão apenas 15.

A boa notícia sobre o Gripen é que o contrato de aquisição de armamentos seguiu e o primeiro lote de mísseis Meteor já está no Brasil. A arma é a mais avançada do tipo no Hemisfério Sul.

Já o corte do KC-390, que quase levou FAB e Embraer a uma inédita disputa judicial, pode até ser ampliado. “Nós continuamos conversando com a Embraer para fazermos isso em lotes”, disse o Comandante. Isso porque o cronograma pactuado para após o corte já acertado de 28 para 22 aeronaves tem prazos tão longo que, possivelmente, ao final do contrato já é possível prever novas versões da aeronave.

O contrato inicial do KC-390 previa 28 aeronaves entregues já em 2027. O Brasil fecharia 2022 com dez unidades. Agora, a expectativa é encerrar esse ano com seis unidades e a 28ª ser recebida em 2034. O cronograma atual prevê praticamente uma aeronave por ano, com exceção de 2028 (duas aeronaves), 2032 (duas) e 2034 (três).

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O Comandante afirmou que, em 2019, antes mesmo de assumir a função atual, fez uma apresentação sobre o tema. “Essa história de revisão começa muito antes de eu assumir o Comando”, revelou. Um dos pontos considerados é a de que o Brasil nunca chegou a ter mais que 14 C-130 operacionais.

Outro corte foi no programa de aquisição dos helicópteros H225M. De 16 unidades para cada Força Armada, o total ficará em quinze. Porém, haverá uma troca: a Marinha receberá 15 H125 Esquilo no lugar da sua unidade renegociada, a FAB levará 12 H125 Esquilo e o Exército ampliará o contrato de manutenção para sua frota.

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Já os dois Airbus A330 que foram adquiridos para missões de transporte e reabastecimento em voo foram adquiridos por conta da oportunidade de mercado que surgiu com a pandemia, quando o preço dos jatos comerciais de grande porte caiu em todo o mundo. Neste caso, o próprio Comandante da Aeronáutica levou o assunto diretamente ao Presidente da República, e foi incluído no orçamento o planejamento para pagar os 500 milhões de Reais necessários. “Se gente perdesse o tempo, só iríamos ter esse avião em 2026”, disse o Tenente-Brigadeiro. A primeira unidade, ainda sem capacidade de reabastecer em voo, deve pousar no Galeão em 26 de julho.

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Também prosseguem os planos para a área de satélites. Nesta quarta-feira (dia 25), devem ir ao espaço dos satélites equipados com radar que vão ampliar a capacidade de sensoriamento remoto sobre a Amazônia.

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O Comandante da Aeronáutica, por outro lado, anunciou que a Força Aérea Brasileira deve cancelar os Memorandos de Entendimento que havia assinado com a Embraer para o desenvolvimento de drone de combate e para a aeronave híbrida conhecida como STOUT. “Chegamos à conclusão de que não estará tão cedo nas nossas prioridades e nós não queremos dar a esperança de ter recursos”, afirmou o Tenente-Brigadeiro Baptista Júnior.

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Redação

Comentário

  • Dá até para entender as dificuldades financeiras, mas, diminuir o contingente (hoje deve estar acima de 70.000 homens), nem pensar né? E o número de oficiais generais então……..

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