Argentina e França entram em campo neste domingo (18 de dezembro) pela final da Copa do Mundo 2022 para uma disputa acirrada em termos de futebol. Para a alegria dos argentinos, quem disputa o tricampeonato são os times formados por Messi e Mbappé, bastante equilibrados em técnica e em raça. É que se essa partida fosse decidida entre a Fuerza Aérea Argentina e Armée de l’air, os franceses possivelmente ganhariam de goleada. Na realidade, trata-se de uma comparação de um país que militarmente parou no tempo e outro que continua avançando.
Quase 41 anos atrás, quando a Argentina invadiu o arquipélago das Malvinas, os britânicos se apressaram em realizar treinamentos com os Mirage III em uso na Armée de l’air, a força aérea da França, aliada de Londres. À época, ainda que já complementados pelos Mirage F-1 e com a proximidade de entrada em serviço dos Mirage 2000, os Mirage III ainda representavam parte significativa do poder aéreo francês. Do lado Argentino, a ponta de lança também era formada pelos Mirage III e pelo IAI Dagger, basicamente a versão modernizada em Israel do Mirage 5, uma variante do III. A Argentina possuía a mais poderosa força aérea da América do Sul, derrotada pelos ingleses, mas deixando as suas marcas.
Em 2022, a Armée de l’air é outra força aérea. Se em 1982 o Mirage 2000 era só um projeto promissor, atualmente as pouco mais de 90 unidades em serviço já representam a segunda linha da aviação de combate francesa. E são os Mirage 2000 mais modernos: cerca de 30 Mirage 2000 -5, multifuncionais, e 60 Mirage 2000 D, versão biplace especializada em ataque a superfície, mas mantendo a capacidade de combate aéreo. A primeira linha é formada por 90 jatos Rafale, complementados por mais 40 unidades em uso na Marinha.
Do lado argentino, o cenário é de penúria. O número total de jatos supersônicos novos recebidos ao longo das últimas quatro décadas é igual a zero. Depois do conflito, dez Mirage 5 P foram incorporados para repor perdas operacionais, sendo modernizados para o padrão Mara. Já os Dagger também receberam melhorias, sendo redesignados como Finger. Foram adquiridos ainda 19 Mirage III CJ e três Mirage III BJ, usados de Israel, e já tão desgastados que foram aposentados em 1987.
A história dos deltas de fabricação francesa na Fuerza Aérea Argentina acabou definitivamente em 2015, dez anos depois de o Brasil aposentar o modelo. Restaram menos de dez jatos subsônicos A-4 AR Fightinghawk, de um lote de 36 modernizados nos anos 90 com uma versão piorada, a pedido dos ingleses, do radar radar do F-16 A, o APG-66. A Argentina conta ainda com treinadores de fabricação nacional IA-63 Pampa e com turboélices AT-27 Tucano, muitas vezes empregados para tarefas de policiamento aéreo. Depois de ter sido pioneiro da América do Sul em tantas áreas, o país até hoje sequer entrou na arena de combate Beyond Visual Range.
Enquanto o governo em Buenos Aires ano após ano cria expectativas sobre a compra de novos caças, para depois apresentar a desistência, as forças armadas argentinas apresentam a falência em diversas áreas. A Marinha, que não possui mais submarinos, também não conseguiu colocar em serviço os Super Etendard Modernisées adquiridos usados da França e cobiçados pela força aérea do país.
Por outro lado, a Armée de l’air se moderniza em todas as frentes, com cargueiros A330 MRTT, A400M e C-130 J, aviões de guerra eletrônica, helicópteros avançados e braços aéreos significativos tanto para a marinha quanto para o exército. E a própria força aérea francesa ampliou suas capacidades ao ponto de, em 2020, ter alterado seu nome para Armée de l’air et de l’espace, de forma a marcar a nova arena de atuação, que inclui uma frota de mais de 20 satélites.
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